Arruda fica calado em depoimento à Polícia Federal

Das 11 pessoas intimidadas a falara sobre a operação Caixa de Pandora, apenas três se pronunciaram. Durval Barbosa, pivô das denúncias já obteve na Justiça direito de também ficar em silêncio

O ex-governador do DF, José Roberto Arruda. Foto Elza Fiuza/ABr

Brasília – O ex-governador José Roberto Arruda ficou calado hoje (29) durante seu depoimento à Polícia Federal, por orientação do advogado Nelio Machado. O advogado informou que fez uma petição ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) apresentando os motivos pelos quais Arruda não se pronunciaria. Machado alegou que não teve acesso a todo o inquérito no qual o ex-governador está arrolado.

“Se ele falar ou não falar não interfere na acusação. O [ex-] governador fez questão de declinar que ele gostaria de falar, chegou a falar alguma coisa, mas eu reiterei a minha orientação, firme”, explicou Machado.

Ele disse ainda que só vai permitir que Arruda fale quando tiver acesso irrestrito ao processo. ““Eu não quero uma investigação para constar. Eu quero que a investigação busque a verdade e meu cliente vai falar quando efetivamente se fizer com o propósito não de prejulgá-lo e sim de buscar responsabilidade de quem possa ter culpa”, afirmou.

Segundo informações do Superior Tribunal de Justiça, além dos motivos pelos quais o ex-governador não falaria, Machado também pediu a revogação da prisão de Arruda. Já é a terceira vez que o advogado de Arruda pede a revogação da prisão, acusado de tentativa de suborno a uma testemunha da Operação Caixa de Pandora.

Investigados calados

Dos 11 depoimentos agendados pela Polícia Federal na segunda-feira (29) sobre a Operação Caixa de Pandora, apenas três investigados falaram com o delegado federal Alfredo Junqueira, responsável pelo caso.

Segundo a Polícia Federal, responderam às perguntas do delegado o ex-secretário de Educação do Distrito Federal, José Luiz Valente, o ex-presidente da Câmara Legislativa Leonardo Prudente e o empresário Alcyr Collaço.

Além do governador cassado, José Roberto Arruda (sem partido), permaneceram calados durante o depoimento o ex-secretário de Comunicação Weligton Moraes, o ex-subsecretário de Justiça e Cidadania Luiz França, o ex-assessor da Secretaria de Educação Gibrail Gebrim e Marcelo Carvalho, diretor do grupo empresarial do ex-vice-governador Paulo Octávio (sem partido).

O ex-chefe da Casa Civil José Geraldo Maciel e o ex-assessor de imprensa Omézio Pontes já haviam protocolado pedido na PF para ficarem calados. A PF não informou sobre o depoimento do empresário José Abdon.

Durval

O ex-secretário do governo do Distrito Federal (DF) Durval Barbosa, autor das denúncias do esquema de corrupção desarticulado pela Polícia Federal (PF) na Operação Caixa de Pandora, conseguiu no Tribunal de Justiça do Distrito Federal um habeas corpus que assegura seu direito de permanecer calado no depoimento que prestará amanhã (30) à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Codeplan, da Câmara Legislativa.

A decisão judicial, do desembargador Mario Machado, também inclui um salvo contudo e o libera de assinar um termo de compromisso de que falará apenas a verdade.
O depoimento estava previamente marcado para as 10h, na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, uma vez que Durval Barbosa está sob proteção.

Leia também

Últimas notícias