Lula cobra Vale por investimentos no país e diz que compra de caças é opção política

Presidente aproveitou evento em estaleiro no Nordeste para cobrar investimentos da Vale no país. Também afirmou que a decisão sobre a compra de caças da FAB será política

Durante evento em Pernambuco, nesta sexta-feira (11), o presidente Luís Inácio Lula da Silva aproveitou para cobrar investimentos de empresas brasileiras de grande porte no país e esclarecer a compra de caças para a Força Aérea Brasileira (FAB).

Ao lado do presidente da Petrobras, no estaleiro Atlântico Sul, Lula criticou a postutra da Vale, e cobrou seu presidente, Roger Agnelli, por maiores investimentos da mineradora nas indústrias naval e siderúrgica brasileira. “É impossível a Vale continuar comprando navio na China quando a gente está montando a indústria naval aqui”, afirmou Lula a jornalistas.

“Ele disse para mim que a indústria naval brasileira não fabricava navio de 400 (mil) toneladas. Eu agora conversei com o Atlântico Sul. Você vai comprar um pouco mais barato, mas você está gerando emprego na China, gerando pagamento de salário na China. Isso muito importa para o país. Então nós vamos ter que construir no Brasil”, completou.

Lula participou do batimento de quilha do primeiro navio do Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef), de um total de 49. O batimento da quilha é uma cerimônia tradicional da indústria naval que simboliza o início da montagem do navio.

No ano passado, a Vale assinou um contrato de US$ 1,6 bilhão com a chinesa Rongsheng Shipbuilding and Heavy Industries para construção de 12 navios para sua frota própria, com capacidade para 400 mil toneladas cada.

Neste ano, a Vale fez 49 encomendas a estaleiros brasileiros, que incluem 15 rebocadores, 32 barcaças e 2 empurradores.

Lula afirmou ainda que discutiu com Agnelli investimentos em siderurgia. Nesta semana, ele e o presidente da Vale se reuniram para tratar do programa de investimentos da mineradora, após vários comentários públicos de Lula sobre o assunto.

Caças

Também em Pernambuco, o presidente Lula deixou claro que será política a decisão final sobre a escolha dos caças para reequipar a FAB.

“A FAB tem o conhecimento tecnológico para fazer a avaliação, ela vai fazer e eu preciso que ela faça. Agora, a decisão é política e estratégica e essa é do presidente da República e de ninguém mais”, afirmou Lula.

“Temos muito tempo para discutir porque eu não tenho obrigação de decidir amanhã, depois de amanhã, o ano que vem. Eu decido quando eu quiser”, concluiu.

A polêmica sobre o assunto ganhou corpo na segunda-feira (7) depois que Lula anunciou junto com o presidente da França, Nicolas Sarkozy, que o Brasil estava entrando em uma fase final de negociações para a compra dos caças franceses Rafale.

Naquele dia, entretanto, o governo não explicitou se a concorrência para a compra das aeronaves estava encerrada. Isso só ocorreu no dia seguinte, quando o Ministério da Defesa divulgou comunicado informando que o processo de escolha do novo caça da Força Aérea ainda não está concluído.

O presidente explicou porque as negociações com os franceses avançaram. Lula afirmou que “a única coisa concreta” que tem até agora é a palavra de Sarkozy assegurando que as exigências do Brasil de transferência de tecnologia e de construir as aeronaves no país serão atendidas.

“O presidente Sarkozy até agora foi o único presidente que disse textualmente para mim que ele quer transferir não apenas tecnologia para o Brasil mas fazer o avião aqui e que o Brasil tem disponibilidade para vender o produzido aqui em toda a América Latina”, destacou.

Mesmo assim, Lula ponderou que a concorrência continua. “Se alguém quiser ofertar mais, que oferte. Negociação é assim.”

Com informações da Reuters

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