Lula promete que Brasil será a 5ª economia do mundo em 2020

“Não tem nenhum país no mundo com a solidez da política fiscal que o Brasil tem”, diz Lula (Foto: Reprodução de vídeo do Financial Times) Em entrevista a Jonathan Wheathley, […]

“Não tem nenhum país no mundo com a solidez da política fiscal que o Brasil tem”, diz Lula (Foto: Reprodução de vídeo do Financial Times)

Em entrevista a Jonathan Wheathley, do Financial Times, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que os próximos anos serão decisivos para o Brasil. Ele acredita que, até 2020, o país deve tornar-se a quinta maior economia do mundo, em decorrência dos recursos obtidos com o petróleo da camada pré-sal e os investimentos necessários para sediar a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016 no Rio de Janeiro.

“Vou lhe dizer uma coisa que você pode anotar no seu papel aí e pode me cobrar: penso que entre 2016 e no máximo 2020, o Brasil vai ser a quinta economia do mundo”, afirmou. “Vai ser uma economia forte, vai ser um país desenvolvido do ponto de vista educacional, e será um país muito mais democrático do que é hoje”, completou.

Lula declarou ainda que pretende levar a Copenhague, na conferência sobre o clima, a proposta brasileira de reduzir em 80% o desmatamento na Amazônia, além de exibir, como trunfo, a matriz energética do país. O zoneamento agroecológico da cana-de-açúcar e da soja, promovido pelo governo, é outra carta na manga. Apesar disso, o presidente afirmou que o Brasil pretende buscar um acordo factível entre todos os países.

Confira os principais trechos:

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Crise

Acredito que saímos da crise rapidamente porque começamos a trabalhar sem saber, em 2007, que haveria uma crise. Fizemos fortes investimentos em infraestrutura, quando a crise surgiu criamos políticas anticíclicas, o Estado assumiu um importante papel para ajudar no crédito e a financiar setores específicos da economia. Também facilitamos, ao reduzir impostos de vários produtos como automóveis, máquinas de lavar, produtos agrícolas e material de construção. Isso nos ajudou a entrar na crise por último e a ser o primeiro a sair.

Duração e sustentabilidade

Vamos abdicando dessas medidas quando cada setor estiver estável e percebermos que a produção estiver estável. Não trabalhamos com a ideia de que a crise acabou, mas com a de que ela pode ser contornada e estamos fazendo isso com muito cuidado. Acredito que, porque temos investimentos em diversas atividades econômicas, nosso crescimento será de 5% ou mais e que nosso crescimento será sustentável nos próximos anos.

Investimentos privados

Estou em Londres para convencer investidores privados de que há oportunidades no Brasil. Fui a Nova York, depois vou à Alemanha na terça, e ano que vem para a Espanha. Porque temos muitos projetos, seja em petróleo, em construção civil, em estradas e trem de alta velocidade. Queremos convencer os investidores estrangeiros a vir ao Brasil ajudar a nos desenvolver ainda mais.

Reformas fiscais e trabalhistas

É bem possível que o Brasil ainda tenha de fazer ajustes em muitas áreas como outros países precisam. Veja, não tem nenhum país no mundo com a solidez da política fiscal que o Brasil tem. Nenhum. Obviamente que temos uma proposta de reforma tributária no Congresso, que deve votá-la quando entender que deve. Estamos tranquilos com a solidez e também sabemos que o país está sempre em processo de mutação e transformação para melhorar e aperfeiçoar os investimentos e a vida dos trabalhadores.

COP-15 e propostas

O Brasil tem uma proposta pública que é parte de meu discurso que fiz em 23 de setembro passado. É o compromisso de diminuir o desmatamento na Amazônia em 80% em 2020. Gostaríamos de levar a Copenhague o significado da matriz energética brasileira, dos biocombustíveis, do etanol, o zoneamento agroecológico que estamos fazendo da cana-de-açúcar, da soja e do dendê. Ou seja, o Brasil quer dar sua contribuição para que o planeta não fique com o aquecimento que está agora e, quem sabe, não só manter como está ou até diminuir o aquecimento global, e queremos construir um acordo. Não vamos exigir que um país aceite a proposta do Brasil como fundamental ou condição fundamental. Não. Nós temos a proposta do Brasil e ao mesmo tempo vamos tentar construir um acordo que permita que os países o cumpram. Nada é pior do que um acordo que ninguém pode cumprir. Queremos um acordo factível.

COP-15 e países em desenvolvimento

É a melhor possível, a democracia é extraordinária por isso. Ela te obriga a viver democraticamente na diversidade. Olho muito para a Europa, considero que o exemplo de unificação é a maior demonstração de como a vontade política pode superar obstáculos. Acho que o Brasil quer construir um jeito de fazer política que nos permita fazer parcerias com todos os países respeitando a soberania de cada um.

Brasil em 20 anos

Vou lhe dizer uma coisa que você pode anotar no seu papel aí e pode me cobrar: penso que entre 2016 e no máximo 2020, o Brasil vai ser a quinta economia do mundo. Vai ser uma economia forte, vai ser um país desenvolvido do ponto de vista educacional, e será um país muito mais democrático do que é hoje.

Desafios

Os desafios são fazer os investimentos que o Brasil precisa fazer. Temos a Copa do Mundo em 2014, a Olimpíada de 2016 e um grande programa de investimentos para o pré-sal que vai começar a extrair o grosso do petróleo exatamente em torno de 2016 e 2017. Então, penso que temos de aproveitar esse momento glorioso e quase mágico na história brasileira para que a gente não faça nenhuma bobagem, faça as coisas certas para que a gente colha, para nossos filhos, aquilo que não recebemos de nossos pais.