Um dia depois de entrevista coletiva da senadora Marina Silva (PT-AC) sobre o convite para se filiar ao PV, senadores do PT declararam considerar que a colega de partido deve mesmo deixar a legenda.

Para Delcídio Amaral (PT-MS), o tom adotado pela senadora indica que ela já teria decidido pela mudança de partido. “Apesar de todo o esforço da bancada do PT para a permanência da senadora Marina Silva, lamentavelmente, parece que a decisão já foi tomada”, afirmou à Agência Brasil. Augusto Botelho (PT-RR) deixou o almoço semanal de senadores petistas com impressão semelhante.

O senador Paulo Paim (PT-RS) considerou “tímida” a carta aberta da bancada de apelo para que a senadora permaneça nos quadros petistas. “A nota da bancada foi muito tímida, na minha opinião, para quem pretende manter um quadro com a Marina no partido”, lamentou. Para ele, uma candidatura de Marina Silva à Presidência alteraria o quadro sucessório em 2010.

Na carta da bancada, além de relembrar a trajetória política de Marina Silva e apontar seus elos com a do PT, afirma que “qualquer que seja a sua decisão, seu vínculo com o PT jamais se quebrará”.

Paim compara a opção de Marina com a de Fernando Gabeira (PV-RJ) no Rio de Janeiro em 2008, quando teve amplo apoio do eleitorado mais jovem.

O deputado federal Ricardo Berzoini, presidente nacional do PT, esteve com a senadora. “Tive uma boa conversa com a Marina”, resumiu em sua página no Twitter. “Não sei se ela sairá ou não do PT, mas tenho certeza que as razões dessa reflexão são sinceras”, escreveu.

Definição emocional

Para o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), a decisão de Marina Silva depende de uma “definição emocional”. Segundo ele, a legenda passa por uma reformulação que estaria atraindo a senadora.

“O que falta para ela talvez é uma definição emocional para deixar um partido que ela esteve 30 anos. É o primeiro passo”, disse Gabeira nesta quarta-feira. “Ela é interessada enormemente na questão ambiental… e ela vai procurar evidentemente aquele espaço onde ela puder exercitar essa vontade de contribuir com o Brasil e o planeta”, afirmou.

Carta aberta de militante

Na sexta-feira (8), a economista Marilza de Melo Foucher publicou carta aberta a Marina Silva pedindo que ela não entre “no jogo maquiavélico de Gabeira”, cujo objetivo seria “dividir o campo aliado e dar vitória a banda de FHC”.

Marilza participou da fundação do PT no chamado Grupo de Paris e fundou o Comitê Internacional de defesa da Amazônia na década de 70. A carta ganhou a atenção de lideranças do partido e foi indicada no Twitter pelo presidente nacional da legenda Ricardo Berzoini.

A ativista reconhece que o “eco-desenvolvimento integrado e sustentável ainda é um desafio”, mas ressalva a falta de representatividade nacional do PV. Ela atribui responsabilidade ao PSDB pela entrada de transgênicos do país assim como da soja na Amazônia e conclui pedindo que a senadora permaneça no PT.

Com informações da Agência Brasil