Marina Silva anuncia saída do PT e negocia programa com PV

Senadora vai para o PV, onde deve ser candidata à presidência

Marina Silva em evento promovido no sábado (15) pelo MST e pela Via Campesina em Brasilia (Foto: Wilson Dias/Agência Brasil)

A senadora pelo Acre Marina Silva convocou coletiva de imprensa para a manhã desta quarta-feira (19) para anunciar sua desfiliação do PT. Ela deve aderir ao PV, que a convidou para ser candidata à Presidência da República em 2010.

“Agora vou estar em conversações com o PV, neste período de transição, respeitando os prazos legais”, disse Marina a jornalistas. Para concorrer nas eleições de 2010, a filiação ao partido a partir do qual é lançada a candidatura deve ser definida até um ano antes da votação em primeiro turno. Na prática, o prazo é 1º de outubro.

A senadora ocupou o Ministério do Meio Ambiente de 2003 a 2008, enfrentou seguidos desgastes com colegas de governo quando havia conflito de interesses. No cargo, passou por embates com colegas como Mangabeira Unger, a respeito do Plano Amazônia Sustentável (PAS).

Com a ministra-chefe da Casa Civil Dilma Rousseff, pré-candidata à sucessão presidencial pelo PT, as divergências estavam ligadas a obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), como as usinas hidrelétricas no rio Madeira. A demora na concessão de licenças ambientais pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) fazia parte das críticas.

Relações

Ela voltou a frisar que não pretende encerrar a relação construída com colegas do PT ao longo de 30 anos. A senadora garante ainda que não pretende incentivar correligionários a seguirem o mesmo caminho que resolveu adotar. Em viagem a seu estado, Marina havia dito que não esperava que seus eleitores e apoiadores também trocassem de partido.

A ex-ministra do Meio Ambiente deixou claro que a construção de uma candidatura presidencial se dará em etapas. Sem partido, ela disse que “se sente livre” para discutir a revisão programática pretendida pelos verdes. “A discussão do convite (para ser candidata feito pelo PV) se deu a partir do movimento do partido de se reavaliar. O movimento veio de dentro do próprio PV”, afirmou a ex-petista.

Às críticas de que uma campanha encabeçada por ela seria monotemática, a senadora respondeu que se trata de um raciocínio simplista. “O Brasil, há 30 anos, talvez não estivesse preparado para ter um programa social como o que temos hoje. No contexto atual das crises econômica e ambiental não será preciso 30 anos para modificar o atual modelo (de desenvolvimento).”

Por mais de uma vez, Marina destacou que o modelo de desenvolvimento autossustentável defendido por ela “não se resume a um partido”, mas depende do “trabalho de todos os partidos e da sociedade”.

Questionada se precisaria questionar a liderança de lideranças como o deputado José Sarney Filho (MA), ex-ministro do Meio Ambiente, Marina defendeu a necessidade de sanear a legenda sem interesse de prejudicar ninguém. Para ela, o filho do presidente do Senado sempre esteve associado à questão ambiental.

“Nunca tive a ilusão, nos últimos 10, 15 anos, de que os partidos seriam perfeitos”, afirmou a senadora. “Hoje tenho a clareza de que todos têm problemas, e todos têm problemas a serem saneados, a realidade do PV não será diferente.”

A candidatura de Marina não foi divulgada neste momento, segundo o jornal Folha de S.Paulo, porque depende da criação de um programa de governo voltado ao desenvolvimento sustentável. Ainda segundo o jornal, a senadora chegou a procurar o cantor e ex-ministro da Cultura Gilberto Gil, filiado ao PV.

No sábado, a senadora havia declarado à mídia que já tinha encerrado o ciclo de diálogos com lideranças do Acre, expoentes petistas e amigos.

“Vem, Marina”

O Partido Verde (PV) criou um site e promete uma manifestação em São Paulo (SP) para pressionar a senadora Marina Silva (PT-AL) a se filiar ao partido. O site (www.marinaverde.com.br) apresentou artes de camisetas, flyers e banners favoráveis à filiação da senadora.

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