Socialistas devem ficar com maioria do parlamento francês

Paris – A França foi às urnas neste domingo (17) para o segundo turno da eleição para o Parlamento, em um pleito que deve dar ao partido Socialista, do presidente […]

Paris – A França foi às urnas neste domingo (17) para o segundo turno da eleição para o Parlamento, em um pleito que deve dar ao partido Socialista, do presidente Francois Hollande, a maioria no Congresso, fortalecendo sua posição em batalhas legislativas sobre as políticas a serem tomadas para resolver a crise na zona do euro.

Uma clara maioria, que não depende nem dos oposicionistas conservadores nem de esquerdistas contra o euro, como as pesquisas de opinião sugerem, seria um impulso para Hollande enquanto ele prepara leis que elevam impostos, ajustam os gastos orçamentários e ratificam um pacto de disciplina fiscal da UE.

Com a eleição deste domingo na Grécia ameaçando colocar a Europa em meio ao caos e os franceses já reticentes quanto aos cortes de gastos governamentais, Hollande não terá tempo para comemorar a vitória.

Pesquisas de opinião e projeções do primeiro turno, ocorrido no domingo passado, sugerem que o bloco socialista terá os 289 assentos necessários para a maioria na Assembleia Nacional, que tem 577 postos, mesmo se não forem contabilizados os assentos do aliado Partido Verde.

Somado aos controles do Senado e da Presidência, o partido Socialista terá poder como jamais possuiu e deve deixar o gabinete social-democrata e pró-União Europeia de Hollande praticamente intacto.

“Espero que os socialistas consigam a maioria. É melhor do que a divisão de poder: pelo menos eles conseguirão fazer as coisas”, afirmou Philippe Jauseau, 47, um engenheiro da computação que votou em Paris.

Hollande, que chegou ao poder no mês passado, viajará ao México na segunda-feira, com as urnas ainda pouco contabilizadas, para o primeiro de uma série de encontros. Sua decisão de se aliar às nações do sul críticas à austeridade causou uma rixa com a Alemanha, algo que os socialistas precisam consertar rapidamente.

Nos últimos dias, ele minimizou os pedidos de criação de títulos conjuntos da dívida da zona do euro, concordando com a insistência de Berlim de que essa é uma perspectiva a longo prazo, e em vez disso está pressionando por medidas de incentivo de curto prazo no valor de 120 bilhões de euros.

Hollande pode ter dificuldade de manter os legisladores do Partido Socialista contrários ao euro sob a sua batuta se concordar com a exigência alemã de maior integração fiscal e política na Europa.

Ele também pode encontrar resistência da esquerda se uma auditoria nas finanças públicas, que deve sair até o final do mês, mostrar que a França precisa cortar gastos para atingir suas metas de déficit, como deve ocorrer.

“O maior teste político de Hollande será manter seu partido unido se for forçado a adotar políticas econômicas que são impopulares ao eleitorado”, afirmou o analista político Antionio Barroso, do Eurasia Group, em comunicado a seus clientes.

Sem lua de mel

Resultados iniciais da contagem serão divulgados às 20 horas (no horário local, 15 horas no Brasil), mesmo momento em que o mundo saberá se a Grécia elegeu o partido contra a austeridade, cuja vitória pode minar sua presença na zona do euro e causar repercussão nos mercados financeiros.

Muitos na França esperam que o novo governo possa dar ímpeto à segunda maior economia da zona do euro, onde o desemprego atingiu 10 por cento, maior índice em 13 anos. Com muitas ligações comerciais e bancárias com o sul da Europa, muitos temem que a França possa ser uma das grandes prejudicadas se a crise da zona do euro se espalhar.