Presidente eleito da Colômbia será preso se visitar Equador
Juan Manuel Santos, diante de simpatizantes em Bogotá durante a campanha. Ex-ministro da Defesa é apontado como mentor de ataque às Farc em território equatoriano sem autorização do país vizinho […]
Publicado 06/07/2010 - 16h34
Juan Manuel Santos, diante de simpatizantes em Bogotá durante a campanha. Ex-ministro da Defesa é apontado como mentor de ataque às Farc em território equatoriano sem autorização do país vizinho (Foto: Jose Miguel Gomez/Reuters)
São Paulo – O presidente do Equador, Rafael Correa, disse na segunda-feira (5) que o presidente eleito da Colômbia, Juan Manuel Santos, poderia ser detido se visitar Quito, pelo fato de a Justiça equatoriana manter vigente um mandado de prisão contra ele.
Um juiz local ratificou em abril a ordem de prisão contra Santos – que assume a Presidência da Colômbia em agosto – acusando-o de ser mentor intelectual de uma incursão militar no território equatoriano na qual morreram 24 pessoas, inclusive o líder guerrilheiro Raúl Reyes.
A operação, realizada em março de 2008, provocou a ruptura das relações diplomáticas entre Quito e Bogotá e ameaçou desatar uma crise na região, na qual se envolveu diretamente a Venezuela.
Santos disse nesta terça-feira (6) que espera resolver facilmente a disputa. “Essa é uma situação legal que eu respeito, eu não compartilho, é claro… Acredito que seja uma iniciativa sem precedentes na história jurídica internacional. Acredito que será facilmente resolvida”, disse Santos a jornalistas em Londres.
“Não quero me envolver nas relações entre o Poder Judicial e o Poder Executivo no Equador, deixarei isso aos equatorianos”, disse ele, segundo a mídia local.
Independência
“Uma pena… enquanto existir a ordem de prisão e o processo estiver aberto não poderá fazê-lo”, disse Correa em uma entrevista com a Reuters ao ser consultado se Santos poderia visitar o Equador.
“A Justiça é independente e eu não posso fazer nada”, acrescentou o presidente equatoriano, em visita a Caracas para participar da comemoração dos 199 anos da assinatura da Declaração da Independência da Venezuela.
A ordem de prisão contra Santos foi emitida enquanto exercia o cargo de ministro da Defesa da Colômbia e depois da incursão militar para destruir um acampamento das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
Bogotá indicou que não reconhece a jurisdição equatoriana para investigar e julgar seus funcionários, que colocaram em perigo um acordo formal entre os dois países.
Quito e Bogotá estão avançando em um processo para restabelecer seus laços formais, em meio a petições do Equador para que a Colômbia entregue informações sobre o ataque militar e uma denúncia de uma possível espionagem da agência de inteligência colombiana DAS ao governo equatoriano.
Correa aceitou uma explicação formal de Bogotá negando a possível espionagem, e atribuiu a denúncia a um “ressentido” que quer “semear o caos”.
Mas advertiu que “obviamente se segue investigando”.
Correa, que qualificou o ataque como uma violação à soberania do Equador, disse que poderia assistir à tomada de posse de Santos “se for convidado”.
Santos saudou um comunicado de Correa de que o líder equatoriano planejava comparecer à sua posse caso fosse convidado. “Acredito que esse seja um passo na direção certa”, disse ele.
Com informações da Reuters