Fim do bloqueio

Para Emir Sader, relação Cuba-EUA deve permanecer estagnada

Sociólogo e cientista social destaca isolamento e critica administração Obama por promessa não cumprida sobre fechamento da prisão e base militar americana em Cuba

ISMAEL FRANCISCO/ CUBADEBATE

Povo cubano sofre os efeitos do embargo econômico que já dura 50 anos e é repudiado pela maioria dos países

São Paulo – O sociólogo e cientista político Emir Sader, em entrevista à Rádio Brasil Atual, comenta sobre a Assembleia Geral da ONU, que voltou a reivindicar nesta terça-feira (28) a suspensão do embargo dos Estados Unidos contra Cuba. A resolução recebeu o apoio de 188 dos 193 membros das Nações Unidas. Só votaram contra Estados Unidos e Israel, e três ilhas pouco conhecidas do Pacífico se abstiveram. Aliados tradicionais dos EUA, como Grã-Bretanha e Japão, votaram pela suspensão do embargo.

É uma sanção dura sob o ponto de vista moral, mas que não tem efetividade política porque os Estados Unidos têm o direito de veto no Conselho de Segurança e, portanto, nada acontece”, comenta Emir.  Ele lembra que já é a 23ª vez seguida, desde 1992, que a Assembleia Geral da ONU condena, por maioria, o bloqueio norte-americano à Cuba.

O sociólogo não acredita que o governo Obama consiga avançar no sentido de normalizar as relações com Havana, tendo chances ainda mais reduzidas caso o partido democrata sofra derrota nas eleições para o congresso norte-americano, na próxima semana: “Sempre tivemos a esperança de que um presidente democrata em segundo mandato pudesse normalizar as relações, mas já não vai acontecer. O Obama, nem sequer terminar com a base militar de Guantánamo, que era uma promessa de campanha.”

O cientista político chama a atenção para o isolamento dos Estados Unidos em relação à América Latina, na medida em que todos os demais países do continente reataram relações com a ilha. “É um governo que está acuado, muito conservador do ponto de vista de iniciativas políticas e desviou a atenção da América Latina”, ressalta Emir Sader, destacando que Brasil e China vêm, cada vez mais, ocupando lugar importante na economia cubana, o que produz mal-estar em setores empresariais nos Estados Unidos.