ONU aprova embargo e congelamento de contas da Líbia

O Brasil defendeu no Conselho de Segurança que a violência empregada por Khadafi é totalmente inaceitável (Foto: Evan Schneider. Nações Unidas) São Paulo – O Conselho de Segurança da Organização […]

O Brasil defendeu no Conselho de Segurança que a violência empregada por Khadafi é totalmente inaceitável (Foto: Evan Schneider. Nações Unidas)

São Paulo – O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou neste sábado sanções contra a Líbia devido à repressão que o governo do ditador Muamar Khadafi vem promovendo nos últimos dias. As sanções incluem embargo à compra de armas e o congelamento de contas, na esteira do que já haviam anunciado os Estados Unidos e a União Europeia.

O órgão máximo da ONU é presidido este mês pelo Brasil, que fez forte condenação à violência empregada por Khadafi contra a população, que pede o fim de seu governo. A embaixadora do Brasil nas Nações Unidas, Maria Luíza Ribeiro Viotti, afirmou que o “banho de sangue” promovido pela Líbia é “totalmente inaceitável.”

O Conselho aprovou também, não de todo livre de divergências, que o caso fosse remetido ao promotor do Tribunal Penal Internacional, para que analise se Khadafi deve ser responsabilizado pelo massacre de manifestantes, que já deixa pelo menos mil mortos, nos cálculos da própria ONU. O ditador e cinco de seus familiares ou apoiadores estão proibidos de viajar para qualquer país integrante das Nações Unidas e os bens dos mesmos estão congelados.

Sem controle

Enquanto isso, no cenário interno a oposição assegura que Khadafi já não tem o controle de boa parte do país, e mesmo na capital Trípoli, que vinha resistindo às manifestações por mudança, as notícias são de que o movimento que pede o fim do atual governo ganhou força. Nos bairros pobres, muitas pessoas foram às ruas pedir o fim de 41 anos de regime, e as tropas deixaram algumas dessas regiões.

“Todos no Tajoura saíram contra o governo. Nos o vimos matando nosso povo aqui e em toda a Líbia”, disse um homem que se identificou como Ali, de 25 anos, à Reuters. “Nós vamos demonstrar mais uma vez, hoje, amanhã, depois de amanhã, até que eles saiam.” O leste do país, região produtora de petróleo, já está nas mãos da oposição, e até mesmo o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, ferrenho apoiador de Khadafi, admite que seu amigo não tem mais o controle da nação.

O filho do ditador, Saif al-Islam Khadafi, mantém por sua vez o discurso de que a movimentação em curso é fruto de uma articulação estrangeira. “O que a nação líbia está fazendo abriu as portas para todas as opções, e agora os sinais de uma guerra civil e intervenção estrangeira tiveram início”, afirmou em entrevista a uma TV local. “Um acordo deve ser alcançado porque as pessoas não têm futuro, ao menos que concordem em conjunto com um novo programa.”

Perda de apoio

Na sexta-feira (25), o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, havia dito que era o momento de agir para conter a violência na Líbia. Em discurso, ele lembrou que já passa de mil o número de mortos pela repressão dos últimos dias e que Khadafi está lançando o país no risco de uma guerra civil. Ele elogiou a decisão do Conselho de Direitos Humanos, que suspendeu os líbios, e ponderou que o mesmo deveria ser feito pelo Conselho de Segurança, pedido que foi atendido neste sábado.

Ban Ki-Moon se reúne nos próximos dias com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que na sexta assinou uma ordem que proíbe as transações com a Líbia. “Por qualquer medida, o governo de Khadafi violou as normas internacionais e de decência e deve ser responsabilizado por isso”, disse Obama em um comunicado, reiterado no sábado pela leitura de que Khadafi não tem mais condições de permanecer no cargo.

A mesma avaliação é feita pelo ministro de Relações Exteriores da Alemanha, Guido Westerwelle. “A família governante que conduz uma guerra de forma tão irracional contra seu próprio povo acabou. O ditador não pode ficar”, disse o ministro. “Inicialmente, a União Europeia foi muito hesitante”, adicionou.

Com informações da Reuters e da Rádio ONU.