Azevêdo assume OMC pregando fim da ‘paralisia’ em negociações globais

só 2,5%

Valter Campanato/ABr

Azevêdo informou que irá iniciar reuniões para discutir comércio, desenvolvimento e agricultura

São Paulo – O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), o brasileiro Roberto Carvalho de Azevêdo, disse hoje (9) que os prejuízos causados pelo fracasso das negociações na Rodada Doha serão ainda maiores do que os benefícios de um possível sucesso. Azevêdo discursou no início da manhã, em Genebra, na Suíça, na cerimônia que marcou o início de sua gestão na OMC.

“O mundo não vai esperar a OMC por tempo indeterminado. E as soluções não serão tão eficientes e inclusivas quanto as que encontrarmos aqui”, destacou o diretor-geral, sobre as alternativas que têm sido buscadas por diversos países devido à paralisia de Doha, cujos temas voltarão a ser discutidos na  9ª Conferência Ministerial da OMC, em Bali, na Indonésia, no início de dezembro.

Para Azevêdo, o sucesso em Bali trará grandes benefícios para a vida das pessoas, incluindo os mais pobres. O novo diretor-geral disse que o encontro também irá ajudar a melhorar economia mundial.

Azevêdo já havia dito, em outros discursos, que a necessidade de intensificação das negociações de Doha seria o principal desafio de sua gestão. “O que as pessoas veem é Doha e a percepção que têm é de falta de efetividade, paralisia. O nosso fracasso irá lançar uma sombra sobre o sistema e é essencial dar novo fôlego às negociações”, disse.

O crescimento do comércio internacional em 2013 ficou situado em 2,5%, ao contrário dos 3,3% calculados anteriormente. Os intercâmbios comerciais em 2014 também serão menores do que os esperados, com uma nova projeção de 4,5%, contra os 5% estimados.

Em sua primeira entrevista coletiva como principal responsável da OMC, Azevêdo explicou que a principal razão desta revisão é que os analistas esperavam que a economia da União Europeia começasse a subir no segundo trimestre do ano, algo que não ocorreu.

Uma ligeira recuperação foi recém observada no trimestre atual, comentou. Os analistas “esperavam uma recuperação mais rápida da economia europeia, que a melhora começasse no segundo trimestre e que como resultado o comércio iria melhor”.

No entanto, a economia europeia na realidade “chegou ao fundo do poço” entre abril e junho, e uma melhora “começou a ser vista no terceiro trimestre”, explicou. “Essa brecha foi a causa que da projeção ser revisada para baixo, o que provocou um ajuste nos números”, acrescentou. A OMC apresentará neste mês, em uma data ainda por confirmar, seu relatório anual com as previsões completas da evolução do comércio internacional.

O diretor-geral acredita que o multilateralismo é a melhor solução contra o protecionismo e explicou que irá privilegiar os países em desenvolvimento e de menor desenvolvimento relativo nas negociações para garantir que “suas vozes sejam ouvidas” no âmbito do sistema multilateral.

Azevêdo informou que irá iniciar nesta semana uma série de reuniões com embaixadores dos países-membros da agência para discutir comércio, desenvolvimento e agricultura. O discurso foi o primeiro como diretor-geral da organização. Sua posse ocorreu na manhã de hoje, embora ele tenha assumido o cargo há uma semana, em substituição ao francês Pascal Lamy. O chanceler brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo Machado, está em Genebra para acompanhar a posse do colega.

O embaixador brasileiro Roberto Carvalho de Azevêdo, de 55 anos, é o primeiro latino-americano na direção-geral da OMC. Disputada até o último minuto, a eleição envolveu uma longa negociação que vem desde o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Com informações da Agência Brasil, EFE e Rádio ONU