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‘O Brasil voltou’, sobre Lula na COP27, domina manchetes da mídia internacional

Discurso do presidente eleito na Conferência das Nações Unidas sobre o Clima, no Egito, tem destaque na imprensa estrangeira

Ricardo Stuckert
Ricardo Stuckert
Para a mídia internacional, Lula foi a principal estrela desta quarta-feira na COP27

São Paulo – A mídia internacional destacou o discurso do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta quarta-feira (16) na Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP27), no Egito. O coro da plateia animada com a fala de Lula – “O Brasil voltou” – deu o tom às manchetes dos sites dos principais veículos de comunicação. Em comum, também abordaram as críticas e as sugestões para o enfrentamento da crise climática apresentadas pelo presidente que voltará ao posto após 20 anos do início do seu primeiro governo, em 2003.

Na COP27, Lula cobra dívidas de países ricos com os pobres na questão climática. ‘O Brasil voltou’

O New York Times destacou: ‘Expectativas são altas enquanto Lula exuberante fala na Cúpula do Clima – Na primeira viagem de Luiz Inácio Lula da Silva ao exterior após vencer a eleição do mês passado, ele prometeu proteger a floresta amazônica e disse que o Brasil estava ‘deixando seu casulo’”, disse o jornal, referindo-se à irrelevância da política externa e destrutiva do governo de Jair Bolsonaro (PL).

“A promessa de Lula de reprimir o desmatamento é o que dá a muitos de seus apoiadores na cúpula grandes expectativas para seu próximo mandato como presidente”, disse o jornal.

A reportagem menciona que quando Lula se tornou presidente pela primeira vez, em 2003, o desmatamento da Amazônia estava em uma das maiores taxas de todos os tempos.

E que, ao final de seu segundo mandato, em 2010, a taxa havia caído 67%. O tradicional jornal informa ainda que, sob Bolsonaro, essa tendência se inverteu. E citou dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais de que a Amazônia perdeu mais de 18 mil quilômetros quadrados de cobertura vegetal no período de 2019 a 2021.

The Guardian destaca Lula em três reportagens

O britânico The Guardian destacou em sua página principal três fotos de Lula, sendo duas referentes a reportagens sobre o seu discurso hoje na COP27. E outra como capa de uma galeria de imagens do evento. “Lula promete reverter degradação ambiental e parar o desmatamento”, diz a manchete da primeira delas. A reportagem já começa anunciando a volta do Brasil.

“O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva disse ao mundo que ‘o Brasil está de volta’ na Cop27, prometendo começar a desfazer a destruição ambiental vista sob seu antecessor de extrema direita, Jair Bolsonaro, e trabalhar para o desmatamento zero da floresta amazônica. Seguido por uma atmosfera de carnaval onde quer que fosse na quarta-feira, Lula disse na cúpula do clima que seu governo iria mais longe do que nunca no meio ambiente, reprimindo a mineração ilegal de ouro, a exploração madeireira e a expansão agrícola e restaurando ecossistemas críticos para o clima”, diz trecho da primeira reportagem.

Na segunda, com resumo do nono dia da COP27, é destacada a participação de Lula e apresentado um sumário com as propostas. Entre elas, a de realizar uma COP em um estado da Amazônia Legal, a confirmação de que a Alemanha e a Noruega vão desbloquear o Fundo Amazônia e a criação de um ministério no novo governo para tratar de questões indígenas.

“Brasil de volta à cúpula do clima”, diz BBC

A BBC britanica destacou: “COP27: Brasil está de volta ao cenário mundial, diz Lula à cúpula do clima”. Na abertura da reportagem, disse que “O Brasil está de volta, disse o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva a multidões extasiadas na cúpula climática da ONU COP27 no Egito.

“Entrando em uma sala de torcedores cantando seu nome, Lula prometeu restaurar a floresta amazônica e perseguir criminosos climáticos”, diz trecho da reportagem, ressaltando que grande número de pessoas se reuniu para vê-lo falar, o que fez dele “uma das superestrelas desta cúpula”.

O site estatal do Reino Unido ouviu o secretário executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini. “Lula deve reverter o legado de Bolsonaro e reconstruir as agências de proteção ambiental, descongelando o Fundo Amazônia que promove a conservação e combatendo criminosos na Amazônia.

Deutsche Welle destaca projeto de derrota do desmatamento

O site alemão Deutsche Welle destacou a ênfase de Lula em recolocar o Brasil na cúpula do clima da ONU. Segundo a reportagem, Lula foi “um dos visitantes mais assistidos da cúpula climática da ONU no Egito nesta semana”. E que sua campanha eleitoral bem-sucedida incluiu a promessa de deter o desmatamento recorde na Amazônia.

“‘O mundo está sentindo falta do Brasil’ disse Lula em discurso na COP27 na quarta-feira, acrescentando que ‘o Brasil está de volta. Ele declarou sua intenção de colocar a nação no caminho de ‘derrotar o desmatamento e o aquecimento global'”, diz trecho da reportagem.

O DW destacou também fala de Lula sobre o “negacionismo climático” do ex-presidente Jair Bolsonaro, que colocou em jogo a “sobrevivência da floresta amazônica” durante a recente eleição.

Lula promete novo dia para Amazônia, diz The Washington Post

O site do jornal The Washington Post também citou “multidão” que aguardava Lula para ouvi-lo sobre suas propostas para a crise climática. E mencionou a fala do presidente eleito sobre sua política para reprimir o desmatamento ilegal na Amazônia e o reinício de relacionamentos com países que financiam o Fundo Amazônia. Além disso, que pretende sediar uma próxima cúpula mundial do clima no Brasil, em estado amazônico.

A reportagem aborda os poderes do governo federal em relação ao monitoramento e fiscalização da Amazônia. Menciona o Ministério do Meio Ambiente, que supervisiona o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, o Ibama, que patrulha as florestas. E também a Polícia Federal, que atua em todo o Brasil, inclusive em estados com grandes áreas florestais. Além das Forças Armadas, que também podem ser mobilizadas.

Mas que Bolsonaro, no entanto, nada disso fez. E que ao contrário, impulsionou o desenvolvimento tanto em sua retórica quanto em suas “políticas pró-negócios”, fez vários movimentos que enfraqueceram a proteção. E citou como exemplo a escolha de nomes comprometidos com o agronegócio para gerir florestas e terras indígenas.

Bloomberg: compromisso de Lula ganha boas-vindas de herói

“Compromisso de Lula para salvar a Amazônia ganha boas-vindas de herói na COP27”, destacou o site da Bloomberg. A reportagem mostrou as propostas do presidente eleito do Brasil, entre elas a de sediar as negociações climáticas da ONU na Amazônia em 2025. E também destacou Lula como o oposto de Bolsonaro.

“Lula, como é conhecido o político, está em sua primeira viagem internacional desde que derrotou o presidente Jair Bolsonaro nas eleições do mês passado. Em contraste com a posição de Lula, Bolsonaro enfraqueceu a proteção da maior floresta tropical do mundo. Isso em favor do desenvolvimento econômico”, diz trecho da reportagem.

“Estou aqui na frente de todos vocês para dizer que o Brasil está de volta”, disse ele em um discurso nas negociações da COP27 em Sharm El-Sheikh, Egito, entre os governadores dos estados da Amazônia brasileira e diante de um multidão entusiasmada que gritava seu nome. “O Brasil não pode ficar isolado como esteve nos últimos quatro anos.”

Le Monde destaca que Lula promete proteger a Amazonia

O site do jornal francês também deu destaque à participação do presidente eleito na COP27 nesta quarta-feira, que falou “a multidões”. O Le Monde deu ênfase à preocupação de Lula em agir rapidamente para conter o desmatamento ilegal e reverter a situação. E também a meta de reconstruir as relações com os países que financiam a proteção da floresta tropical. É o caso do Fundo Amazôna, que tema a Alemanha, Noruega e outros países da Europa como os maiores financiadores.

O site relatou também os projetos de Lula para o manejo da maior floresta tropical do mundo, “fundamental para combater as mudanças climáticas, que contrastava fortemente com a do presidente Jair Bolsonaro, cujo governo testemunhou alguns dos mais rápidos cortes de florestas em décadas.

Segundo o Le Monde, a participação de Lula “deu peso simbólico e prático às discussões para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e ajudar os países em desenvolvimento a enfrentar os impactos do clima mudança, uma vez que ele supervisionou grandes reduções no desmatamento durante sua presidência anterior entre 2003 e 2010.

O jornal destacou ainda a cobrança do presidente eleito a líderes mundiais. “Ele mencionou uma resolução feita durante a conferência do clima em 2009 de que os países ricos contribuiriam com US$ 100 bilhões por ano para ajudar as nações em desenvolvimento a se adaptarem aos impactos das mudanças climáticas. Esse esforço nunca foi totalmente financiado”.