Guerra na Europa

‘Nunca tivemos tanta força’, diz Putin em estádio lotado. Evolui discussão sobre o status neutro da Ucrânia

Principal negociador russo afirmou que os dois países estão “no meio do caminho” na questão da “desmilitarização”, mas que o tema da “desnazificação” da Ucrânia continua “estranho”

Reprodução/Youtube
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Evento em estádio comemorou o oitavo aniversário da anexação da Crimeia pela Rússia, em 2014

São Paulo – O presidente russo, Vladimir Putin, fez discurso no estádio Luzhniki lotado com quase 100 mil pessoas, nesta sexta-feira (18), em Moscou, e afirmou: “Nunca tivemos tanta força”. O evento comemorou o oitavo aniversário da anexação da Crimeia pela Rússia, em 2014, após o golpe que derrubou o então presidente ucraniano Viktor Yanukovych, aliado da Rússia. A Rússia e a Ucrânia progrediram nas discussões sobre o status neutro da Ucrânia, segundo o principal negociador russo e assessor presidencial Vladimir Medinsky à imprensa.

Para Moscou, a não entrada da Ucrânia na Otan, assim como o status neutro – que seria semelhante ao da Áustria – são pontos fundamentais se a ideia é chegar a um cessar-fogo. Segundo o site russo RT, “Moscou e Kiev se aproximam do status neutro da Ucrânia”. Os dois lados estão “no meio do caminho” na questão da “desmilitarização”, embora a situação em torno da “desnazificação” da Ucrânia permaneça “estranha”, disse matéria do veículo, citando Medinsky.

O embaixador russo na ONU, Vassily Nebenzia, afirmou, também hoje, que o Ministério da Defesa russo está analisando documentos sobre armas biológicas. “Vamos continuar mantendo a comunidade internacional informada sobre as atividades ilícitas conduzidas pelo Pentágono no território ucraniano”, disse.

China e EUA

Em conversa por videochamada com o colega Joe Biden, dos Estados Unidos, o presidente da China, Xi Jinping, disse a Biden que Pequim não está interessada no conflito na Ucrânia. Eles conversaram por quase duas horas nesta sexta-feira sobre a crise. A ligação começou às 10h03 (horário de Brasília), segundo a Casa Branca, reportada pelo site Sputnik.

“A crise na Ucrânia não é o que gostaríamos de ver”, afirmou Xi Jinping. Ele disse também que “todos os lados devem apoiar o diálogo entre Moscou e Kiev” e que um conflito entre os países não é do “interesse de ninguém”. Defendeu ainda que EUA e China devem “assumir responsabilidades internacionais” pela paz.

Xi Jinping destacou que a relação Pequim-Washington é difícil graças à política do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, e também devido à questão de Taiwan, que a China reivindica como seu território. “Atualmente, as relações entre a China e os Estados Unidos ainda não superaram o impasse criado pelo governo anterior dos EUA”, disse o líder chinês. “Especialmente perigoso é que algumas pessoas nos EUA estão enviando sinais falsos aos que são a favor da independência de Taiwan”, alertou.

Versão de Washington

Após a reunião, a Casa Branca publicou sua versão do diálogo entre os dois líderes. Segundo Washington, Biden falou a Xi Jinping sobre “as implicações e consequências se a China fornecer apoio material à Rússia”. O governo americano não especificou o que seria esse apoio nem comentou o seu próprio maciço apoio a Kiev, em dinheiro e armas

Segundo a Casa Branca, o alinhamento da China com Rússia será discutido durante a viagem de Biden à Europa, disse a Casa Branca. O presidente dos Estados Unidos participará da cúpula extraordinária da Otan, marcada para a próxima quinta (24), em Bruxelas, e de uma reunião da União Europeia.

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