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‘Não confio na política dos EUA’, diz Fidel pela primeira vez após reaproximação

'Defenderemos sempre a cooperação e a amizade com todos os povos do mundo, incluindo os nossos adversários políticos', disse líder da revolução cubana

cubadebate

Fidel: “Defenderemos sempre a cooperação e a amizade com todos os povos, incluindo nossos adversários políticos”

“Eu não confio na política dos Estados Unidos, nem tenho trocado uma palavra com eles, mas que isso não significa a rejeição de uma solução pacífica dos conflitos e dos perigos da guerra”, declarou Fidel Castro em carta lida em rede nacional pelo presidente da Federação dos Estudantes Universitários de Cuba, na noite de ontem (26).

Trata-se da primeira vez que o líder da revolução cubana comenta publicamente as relações entre Havana e Washington desde o anúncio da reaproximação, em 17 de dezembro de 2014. Para introduzir a temática, ele recorda o simbólico aperto de mãos entre seu irmão e atual presidente cubano, Raúl Castro, e o chefe de Estado norte-americano, Barack Obama, durante o funeral do líder sul-africano Nelson Mandela, em dezembro de 2013.

“Defender a paz é um dever de todos. Qualquer solução pacífica e negociada para os problemas entre os Estados Unidos e as pessoas ou quaisquer povos da América Latina, que não impliquem força ou o uso da força, deve ser tratado de acordo com os princípios e as normas internacionais”, prossegue Fidel. “Defenderemos sempre a cooperação e a amizade com todos os povos do mundo, incluindo os nossos adversários políticos”, acrescenta.

Na carta divulgada pela imprensa cubana, Fidel ainda relembra seus tempos na Universidade de Havana, onde foi estudante 70 anos atrás. Ele também aproveitou a oportunidade para comentar questões como injustiça social e má distribuição de recursos financeiros ao redor do mundo.

“Os graves perigos que ameaçam a humanidade de hoje deveriam ceder a regras compatíveis com a dignidade humana. De tais direitos não está excluído nenhum país. Neste espírito, lutei e continuarei a lutar até o último suspiro”, finaliza.

Desde o anúncio do restabelecimento de relações diplomáticas entre os governos cubano e norte-americano, esperava-se que Fidel fornecesse declarações públicas. O silêncio do ex-presidente cubano por mais de um mês alimentou rumores sobre sua atual condição de saúde. A última aparição do líder cubano de 88 anos aconteceu há mais de um ano. Mas, em agosto de 2014, a imprensa cubana noticiou o encontro dele com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro.