Questão delicada

Milei reafirma vontade de reassumir Malvinas, mas com ânimo submisso aos ingleses

Bajulador da “Dama de Ferro” Margareth Thatcher, ícone liberal inglês, Milei apela para a “diplomacia e confiança” ao pedir controle das Malvinas

Horacio Cambeiro/Wikimedia Commons
Horacio Cambeiro/Wikimedia Commons
Placa em estrada na província de Missiones, na divisa com o Brasil: homenagem aos herois que lutaram pelas Malvinas, a mais de 3 mil quilômetros dal. Ilhas são controladas pelos ingleses, que as chamam de Falklands

São Paulo – O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Argentina reafirmou hoje (3) que tem “os legítimos direitos do sobre as ilhas Malvinas”. Então, conclamou o Reino Unido, que atualmente controla a ilha latino-americana sob nome de “Falkland Islands” a construir uma relação. “Baseada na maturidade e confiança para retomar as negociações bilaterais”.

Apesar das reivindicações argentinas, Londres reitera sua posição inabalável de manter o controle do arquipélago no Atlântico Sul. A questão é cara a todos os argentinos. Agora, o presidente ultraliberal Javier Milei aposta no endurecimento em torno do tema. Esse movimento acontece enquanto o país sofre com relações internacionais desastrosas. Como exemplo, a saída do bloco dos Brics e o congelamento de relações com a China, entre outras. Além disso, o país vive um colapso econômico, com medidas de austeridade que estão levando os argentinos a vivenciar a fome de forma ímpar na história recente.

O caso das Malvinas

Em comemoração ao aniversário da chegada dos britânicos às remotas ilhas em 3 de janeiro de 1833, o Ministério dos Negócios Estrangeiros argentino reiterou a herança do país sul-americano dos territórios coloniais espanhóis. O comunicado destaca que o domínio britânico foi considerado um ato contrário ao direito internacional, sem consentimento.

Buenos Aires reforçou a importância das posições da Assembleia-Geral da ONU. Então, enfatiza a necessidade de resolver essa disputa de soberania por meio de negociações bilaterais, reafirmando a disponibilidade das autoridades argentinas para tal diálogo.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros salientou a convicção argentina de que a via diplomática é a única solução viável para recuperar os direitos sobre as ilhas. Além disso, expressou a esperança de uma solução pacífica no mais breve prazo.

“A Constituição Nacional estipula que a recuperação do exercício efetivo da nossa soberania sobre estes territórios, em conformidade com o direito internacional e respeitando o modo de vida dos seus habitantes, constitui um objetivo permanente e irrenunciável do povo argentino”, afirma a pasta em comunicado.

Subserviência

Ao mesmo tempo em que posa em defesa da soberania, porém, Milei elogia a liderança da ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher (1925-2013) durante o conflito de 1982. Na ocasião, a “Dama de Ferro” conduzia um governo liberal que também levou sua população à fome, particularmente a trabalhadora. Os traumas de sua geração levaram a Inglaterra, posteriormente, a adotar regimes mais voltados à social democracia.

Contudo, as declarações argentinas reacenderam a discussão histórica e geopolítica sobre a região, indicando um impasse entre as nações envolvidas. O apelo por um diálogo construtivo e a reafirmação das reivindicações soberanas por parte da Argentina indicam a continuidade do impasse, enquanto ambos os países defendem suas posições com base em precedentes históricos e legais.

Este desenvolvimento reacende a atenção internacional para uma questão pendente, destacando a necessidade de um canal diplomático para resolver a disputa, enquanto o mundo observa atentamente os desdobramentos entre a Argentina e o Reino Unido em relação às ilhas Malvinas.

Redação: Gabriel Valery