virada à direita

Macri terá desafios e contradições em sua gestão à frente da Argentina

Para o sociólogo Emir Sader, as propostas do novo presidente são similares às de toda a direita latino-americana; a diferença é que ele foi eleito

memória/ebc

Macri venceu o pleito com a diferença de apenas 700 mil votos

São Paulo – A vitória no pleito presidencial argentino do candidato de direita, Maurício Macri (pela coligação Cambiemos), traz indefinições quanto ao futuro político e econômico do país vizinho, segundo análise feita hoje (24) pelo sociólogo Emir Sader para a Rádio Brasil Atual. “Ele prometeu o mesmo que todos os candidatos da direita na América Latina, mas deve colocar em prática, agora que ganhou”, diz.

Os desafios que se posicionam no caminho de Macri envolvem esferas contraditórias. O novo presidente assumiu o compromisso de “pobreza zero” em território argentino, mas ao mesmo tempo carrega a ideia de liberar o câmbio. “A liberalização cambial significa uma explosão de preços e do desemprego. Essa política é dos liberais, de acabar com o protecionismo que o governo mantinha”, afirma o sociólogo.

Outro ponto nebuloso, para Emir Sader, é a governabilidade. “Na Câmara, a maioria é peronista, e no Senado, a maioria absoluta é kirchnerista. Ele não tem maioria no Congresso.”

Para Sader, outra contradição em torno na nova gestão argentina é a política externa. “Macri reafirmou o compromisso com o Mercosul, porém, dizendo coisas incompatíveis. Por um lado, um acordo direto com os Estados Unidos, o que não condiz com interesses locais. Não faltasse isso, a questão da condenação da Venezuela, proposta por ele, por suposta violação de direitos humanos. Isso pautará a próxima reunião do Mercosul, em Montevidéu, numa discussão que deve deteriorar e dividir a cúpula”, conclui.

Ouça a íntegra do comentário de Emir Sader para a Rádio Brasil Atual: