saída à francesa

Lula cancela jantar com príncipe saudita em Paris

Presidente vinha sendo criticado por marcar encontro r com Mohammed bin Salman, que presenteou joias a Michelle Bolsonaro e é acusado de mandar matar jornalista opositor

Ricardo Stuckert/PR
Ricardo Stuckert/PR
Mudança ocorreu porque Lula teve agenda intensa na Europa, nos últimos dias, informou a assessoria

São Paulo – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cancelou um jantar que teria com o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman al Saud, em Paris, nesta sexta-feira (23). O jantar oferecido a Lula e à primeira-dama, Janja da Silva, ocorreria na residência oficial da Arábia Saudita em Paris.

O encontro com MBS, como é conhecido o príncipe saudita, foi adicionado durante a viagem de Lula à Europa. Houve repercussão negativa na imprensa e nas redes sociais. Isso porque os Estados Unidos acusam MBS pelo assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, crítico do regime saudita.

De acordo com a assessoria do presidente, a mudança ocorreu porque Lula teve uma agenda intensa nos últimos dias. Também disseram que o jantar de ontem, oferecido pelo presidente francês, Emmanuel Macron, aos chefes de Estado que participaram da Cúpula para um Novo Pacto Financeiro Global, “acabou muito tarde”. Desse modo, Lula teve que rever os planos para hoje.

Em substituição ao jantar com o príncipe saudita, Lula deve se encontrar com o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Ilan Goldfajn. Ele também comandou o Banco Central durante o governo Temer, após o golpe do impeachment contra a ex-presidenta Dilma Rousseff.

Negócio das Arábias

Recentemente, MBS recebeu destaque no Brasil após enviar joias milionárias de presente à então primeira-dama Michelle Bolsonaro. Um assessor do então ministro de Minas e Energia tentou entrar ilegalmente com as joias no Brasil. Elas acabaram retidas pela Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos. Outros nomes ligados a Bolsonaro – como o seu ex-ajudante de ordens tenente-coronel Mauro Cid – realizaram uma série de investidas para reaver a carga valiosa.

Além disso, Petrobras, Polícia Federal (PF) e a Comissão de Transparência e Fiscalização do Senado investigam a possível relação entre às joias presenteadas por MBS ao clã Bolsonaro e a venda da Refinaria Landulpho Alves – atual Mataripe. O refinaria foi vendida no final de 2021 a um fundo dos Emirados Árabes Unidos, que pagou US$ 1,8 bilhão pelo negócio, bem abaixo da estimativa de valor de mercado.