Submissão

Justiça do Reino Unido autoriza extradição de Julian Assange para os Estados Unidos

Medida “seria igual a uma sentença de morte”, diz Kristinn Hrafnsson, editora-chefe do WikiLeaks. Decisão final caberá ao governo britânico

Reprodução/Redes Solciais
Reprodução/Redes Solciais
Se Assange for realmente extraditado, ele pode receber uma sentença de prisão de até 175 anos

São Paulo – O Tribunal de Magistrados de Westminster, em Londres, emitiu nesta quarta-feira uma ordem de extradição do fundador do WikiLeaks, Julian Assange, para os Estados Unidos. Para familiares e amigos do ativista, a determinação equivale, na prática, a aplicar-lhe uma sentença de morte. A ordem sucede a recusa da Suprema Corte local, no mês passado, de permitir que Assange apelasse contra a decisão de um tribunal inferior de que ele poderia ser extraditado.

A medida não esgota as opções legais para Assange. Ou seja, ele ainda pode recorrer. No intrincado sistema de Justiça britânico, após a decisão do tribunal de Londres desta quarta, a decisão final deve ser tomada pelo governo do Reino Unido.

Segundo o WikiLeaks escreveu no Twitter, a defesa do ativista tem até 18 de maio para recorrer da decisão, antes que a secretária do Interior, Priti Patel, tome a decisão na sequência da ordem do tribunal. Se Assange for realmente extraditado, em tese, ele pode receber uma sentença de prisão de até 175 anos. Na prática, prisão perpétua.

“Extraditar Assange seria um risco para sua vida”, disse Kristinn Hrafnsson, editora-chefe do WikiLeaks. “Seria igual a uma sentença de morte. Agora, a vida de Julian está nas mãos de Priti Patel e Boris Johnson. Eles precisam fazer a coisa certa”, acrescentou.

Chances remotas

São remotas as chances de uma decisão favorável a Assange no atual contexto da guerra na Ucrânia. O Reino Unido, vassalo de Washington, é hoje ainda mais subserviente aos interesses da Casa Branca

Em dezembro do ano passado, o Supremo Tribunal de Londres aprovou o recurso dos EUA para extraditar Assange, anulando uma decisão anterior de que o jornalista não poderia ser extraditado devido a problemas de saúde e às condições desumanas que o aguardam em uma prisão americana, como observa matéria do Sputnik Brasil.

Os EUA acusam Assange de violar a Lei de Espionagem. O WikiLeaks publicou milhares de documentos confidenciais revelando inúmeros crimes de guerra dos EUA, como os cometidas no Iraque e no Afeganistão. O “incidente” de 2007, em Bagdá, quando um helicóptero dos EUA abriu fogo contra “insurgentes”, é um exemplo. Na aeronave, soldados riem e dizem: “Olha só aqueles babacas mortos”. Entre as vítimas, estava um fotógrafo da agência Reuters. A denúncia do assassinato foi revelada pelo WikiLeaks em 2010.

Julian Assange está preso desde maio de 2019 no Reino Unido, depois de ser retirado à força da embaixada do Equador em Londres e entregue à justiça britânica pelo então presidente equatoriano, Lenín Moreno.