Japão descarta ‘novo Chernobyl’ em usina abalada por terremoto

A usina de Fukushima foi um dos focos de atenção dos japoneses e do mundo neste sábado (Foto: Yomiuri. Reuters) São Paulo – Enquanto tenta contar o número de mortos […]

A usina de Fukushima foi um dos focos de atenção dos japoneses e do mundo neste sábado (Foto: Yomiuri. Reuters)

São Paulo – Enquanto tenta contar o número de mortos do pior terremoto de sua história, o Japão volta suas atenções para a usina nuclear de Fukushima, que registrou uma explosão após o tremor de sexta-feira (11).

Neste sábado, as autoridades japonesas indicaram que não há risco de uma tragédia nos moldes de Chernobyl, na Ucrânia, onde, em 1986, a explosão da usina matou 30 pessoas imediatamente e outras milhares por conta da exposição à radiação. O secretário-chefe do gabinete do governo do Japão, Yukio Edano, indicou que a explosão teve nível 4, numa escala que vai de 0 a 7, o que força à remoção dos moradores num raio de vinte quilômetros, mas permite descartar um acidente de grandes proporções. De maneira preventiva, aqueles que vivem perto das usinas irão receber iodo, que pode ser usado para evitar câncer na tireóide em caso de exposição radioativa. A explosão feriu quatro funcionários locais e o estado de saúde deles ainda não foi informado.

As autoridades informaram ainda que o núcleo do reator estava intacto, e que água do mar seria jogada no reator que está vazando para resfriá-lo e reduzir a pressão na unidade, um comunicado que deve acalmar os temores de um acidente nuclear. “Esses reatores são desenhados para trabalhar em uma zona altamente sísmica, embora o que aconteceu vá além do impacto que as usinas foram projetadas para resistir”, argumentou Valeriy Hlyhalo, vice-diretor do centro de segurança nuclear Chernobyl, em entrevista à Interfax.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) informou que seus peritos médicos estão de prontidão caso haja alguma necessidade. “Neste momento parece ser o caso que o risco para a saúde pública é provavelmente muito baixo. Entendemos que a radiação que escapou da planta é muito pequena em quantidade”, ressaltou o porta-voz da OMS, Gregory Hartl, à agência Reuters.

Resgate

Enquanto isso, é incerto o número de mortos pelo terremoto, que chegou a 8,9 graus na escala Richter, um dos cinco mais fortes em um século. Agências de notícias contabilizam 1.700 mortos, além de 300 mil desabrigados e desalojados, que se apertam em abrigos e tentam juntar suprimentos para atender às necessidades da população.

Próximo à cidade de Sendai, a mais afetada pelo tremor, são grandes as filas para obter água e em um hospital parcialmente submerso pessoas desenharam um S.O.S. no telhado na tentativa de obter ajuda. Centenas de barcos pesqueiros, muitos deles tombados, encalharam nos campos, varridos para a terra firme pela força da água. Em abrigos na região, moradores se cobriam com cobertores, alguns segurando cada um, enquanto outros choravam.

Em Mito, outra cidade próxima, longas filas foram formadas do lado de fora de um mercado danificado, enquanto centenas esperavam por remédios, água e outros suprimentos. A oferta de produtos está baixa, pois os moradores foram às compras para fazer estoque, por não saber o tempo que vai demorar para que alimentos frescos cheguem novamente.

“As pessoas fazem manuais para terremotos, mas quando o terremoto realmente acontece, você consegue seguir o manual?,” indagava Kiyoshi Kanazawa, de 60 anos. “Todos correm quando as coisas estão sacudindo, e eles pedem para que você corte o gás e o fogo em sua casa, mas você não tem espaço suficiente para isso no seu cérebro.”

Com informações da Reuters.