Humala iguala disputa com Keiko na reta final das eleições peruanas

Definição do cenário está por detalhes e candidato nacionalista avisa que golpe baixo da adversária deve ser esperado

O cenário de total equilíbrio e o baixo nível marcam as últimas semanas de campanha no Peru (Fotos: Pilar Olivares e Mariana Bazo. Reuters)

São Paulo – Uma nova pesquisa publicada neste domingo (29) coloca o candidato nacionalista Ollanta Humala à frente na disputa pela presidência do Peru, com ligeira vantagem sobre a opositora, Keiko Fujimori.

O levantamento Imasen divulgado pelo jornal La República indica que Humala tem 43,8% das intenções de votos, contra 42,5% de Fujimori. Entre os 13,7% de intenções de votos brancos ou nulos, em torno de 10% podem mudar de opinião nesta semana final até o embate do próximo domingo (5).

Computando apenas os votos válidos, Humala tem 50,8% dos votos, contra 49,2% da adversária. Como a diferença se encontra dentro da margem de erro, o quadro é de um empate técnico. De toda maneira, como houve ligeira variação positiva a favor do nacionalista, a percepção é de que se conseguiu reverter a trajetória de alta da filha do ex-presidente Alberto Fujimori.

No sábado (28), 15 mil pessoas se encontraram em Lima para se colocar contra a candidatura de Keiko, que tem entre suas principais plataformas de campanha a concessão de anistia ao pai, condenado a 25 anos de prisão por violações dos direitos humanos. Eram vítimas de esterilização forçada ou de outros abusos cometidos durante o governo do ex-presidente. A farta ficha de denúncias, por sinal, é um dos motivos que levaram a uma divisão da classe política tradicional, que tenderia a apoiar o político mais conservador que se colocasse em um embate contra Humala, o que não ocorreu em massa.

Em outro levantamento, este do instituto CPI, a candidata obteve 51,8% dos votos válidos, contra 48,2% de Humala, que cresceu também nesta projeção. Regionalmente, as pesquisas delineiam um cenário que já era conhecido, com ampla vantagem do militar da reserva no sul e no centro, e vitória de Fujimori na capital Lima. 

“Em uma situação de tanto equilíbrio, tudo pode ser determinante: o voto no exterior, que exista uma zona que não vote, o debate, o que digam ou deixem de dizer os candidatos, ou também que apareçam áudios ou vídeos comprometedores”, lembra Giovanna Peñaflor, diretora de Imasen, em entrevista ao La República, em uma fala que lembra o baixo nível da campanha.

O debate programado para este domingo, o último da campanha, ganha peso especial frente ao equilíbrio. “Nos debates há que ser propositivo e mostrar diferenças claras. Na campanha, muitos aspectos soaram parecidos e as pessoas querem comparar claramente como se apresentam um e outro”, adverte Giovanna Peñaflor.

Humala alertou que é de se esperar a divulgação de informações errôneas por parte da adversária na reta final. Fujimori valeu-se abertamente da distribuição de alimentos em zonas mais pobres para ganhar votos e se valeu extraoficialmente da máquina do Estado peruano, fornecida pelo presidente Alan García para fazer campanha. Ao mesmo tempo, tentou, desde o início, associar Humala ao presidente venezuelano, Hugo Chávez, que sofre forte rejeição no país. Para tentar se dissociar do colega, o candidato fez fortes críticas a algumas declarações de Chávez e chegou a programar uma viagem ao Brasil para se encontrar com Lula, mas a visita acabou cancelada devido ao grande número de compromissos de agenda na reta final.