Governo francês recua e permite manifestação contra reforma trabalhista
Liberação de protesto previsto para esta quinta em Paris ocorreu após reunião de emergência entre líderes sindicalistas e o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve
Publicado 22/06/2016 - 09h54
Opera Mundi – O líder da Confederação Geral do Trabalho (CGT) da França, Philippe Martinez, afirmou hoje (22) que a prefeitura de Paris permitirá a manifestação contra a reforma trabalhista de François Hollande prevista amanhã (23) na cidade, após ameaças de proibir o ato.
A liberação do protesto ocorreu após uma reunião de emergência entre líderes sindicalistas e o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve.
Horas antes, a Prefeitura havia anunciado a proibição do protesto, sob justificativa de evitar perturbações da “ordem pública”, em referência às manifestações do dia 14 deste mês.
“Após conversas duras com o ministro do Interior, a central sindical e as organizações estudantis obtiveram o direito de se manifestar em uma rota proposta pelo ministro do Interior”, informou Martinez em entrevista coletiva à imprensa.
O acordo firmado prevê que a manifestação percorrerá 1,6 quilômetro próximo ao centro da capital francesa, segundo a Associated Press.
No dia seguinte ao protesto do dia 14, o primeiro-ministro Manuel Valls exigiu que a CGT, o maior sindicato do país, não organizasse mais protestos em Paris contra a reforma. O presidente François Hollande disse a ministros que poderia proibir as manifestações se medidas de segurança não fossem adotadas pelo sindicato.
A proibição do protesto vinha sendo sofrendo fortes críticas, inclusive dentro do Partido Socialista de Hollande.
Flexibilização das leis
Os sindicatos protestam desde março contra a reforma trabalhista de François Hollande, que flexibiliza leis trabalhistas e é defendida pelo governo como forma de combater o desemprego, atualmente em cerca de 10%.
Um dos principais aspectos da reforma é alterar a jornada de 35 horas de trabalho semanais. O limite seria oficialmente mantido, mas será permitido às companhias organizar horas de trabalho alternativas — como trabalhar de casa — o que, no final, poderia resultar em até 48 horas de trabalho por semana. Em “circunstâncias excepcionais”, o limite poderá ser de até 60 horas por semana.
A proposta permite também que as empresas deixem de pagar as horas extras aos funcionários que trabalharem mais de 35, recompensando-os com dias de folga.