Fidel ironiza resistência dos EUA à inclusão de Cuba nas Américas

Chanceler da Venezuela lamenta posição da Casa Branca e diz que países da Alba podem abandonar cúpula regional caso os cubanos não possam ingressar

São Paulo – O líder cubano Fidel Castro ironizou a posição dos Estados Unidos de barrar a participação de seu país na Cúpula das Américas, que vive sua sexta edição neste fim de semana em Cartagena das Índias, no litoral colombiano.

Fidel reproduziu em artigo publicado na noite de ontem (13) o discurso do chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, de que a região passou do Consenso de Washington ao “consenso sem Washington”. A primeira é uma referência às políticas neoliberais implementadas em quase todas as nações da região durante a década de 1990 por influência de acadêmicos da capital dos Estados Unidos. A segunda diz respeito ao fato de apenas norte-americanos e canadenses continuarem vetando a adesão de Cuba à reunião de todos os países americanos.

“Agora temos a cúpula das goiabeiras”, afirmou Fidel, em alusão às árvores que marcam a cidade. “O rio Yayabo e seu nome índio, totalmente reivindicado, passarão à história”. O artigo foi divulgado após a afirmação do chanceler da Venezuela de que os países da Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba) estão dispostos a deixar as reuniões regionais se a Casa Branca não alterar a posição sobre Cuba. 

Para Fidel, trata-se do uso de organismos regionais, em especial a Organização dos Estados Americanos (OEA), para impor a vontade dos Estados Unidos. “Há 64 anos foi criada a repudiável OEA”, escreveu o ex-presidente, que lembrou o papel da instituição na tentativa de legitimar golpes de Estado contra governos constitucionais, em especial da América do Sul, como no caso de Salvador Allende no Chile. “Os golpes militares e a repressão se estenderam a quase todos os países vizinhos. A linha de transporte aéreo cubana foi objeto de brutais sabotagens. Um avião foi destruído em pleno voo com todos seus passageiros”, recorda. “Seria interminável a lista de feitorias e atos terroristas cometidos contra as atividades econômicas de Cuba ao longo de meio século.”