Ex-presidente da Assembleia Geral prega reformulação das Nações Unidas

Para assessor do governo da Nicarágua, entidade foi usada para pressionar países pobres; d´Escoto também defendeu maior consciência ambiental

São Paulo – Os tempos de hoje, mais do que nenhum outro na história, exige “uma imensa dose de amor, generosidade e heróismo” para garantir a sobrevivência da humanidade, afirmou o assessor para Assuntos Internacionais da Nicarágua, padre Miguel d´Escoto Brockmann, que presidiu a 63ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em 2008. Segundo ele, a ONU precisa ser reinventada, a fim de que leve em conta os interesses dos países menos desenvolvidos. A prática, afirmou, mostra que a entidade foi muita vezes usada como arma de pressão contra os Estados pobres. “Há muitos dogmas nas Nações Unidas, como não se discutir assuntos financeiros ou econômicos. Mas não fizermos nada radical a espécie humana não sobreviverá”, disse d´Escoto, durante seminário promovido pela CUT no Memorial da América Latina, em São Paulo, como parte dos eventos comemorativos do Dia do Trabalhador.

Ele também defendeu a necessidade de maior consciência ambiental das pessoas e dos governos. “Se formos capazes de gerar esse amor, essa generosidade e esse heróismo, venceremos o egoísmo que a cultura dominante do império nos impôs. O espírito e a prática exacerbaram nossa congênita inclinação ao egoísmo. Ou recuperamos a vocação humano ou morreremos todos”, disse d´Escoto, pregando “o amor às pessoas e à mãe Terra”.

Assim, o movimento sindical e a política devem ampliar horizontes, acrescentou o nicaraguense. “Integração regional é absolutamente indispensável, mas tenhamos cuidado. Isso não quer dizer que a instância global também não seja. Neste momento, a América Latina está à frente desse movimento (regional). Por mais que nos organizemos, deve haver uma instância global, pois vivemos em um só planeta.”

D´Escoto elogiou o papel do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no processo de integração, observando que já o conhecia desde os tempos de movimento sindical. “Eu me sinto muito orgulhoso pelo seu significado para a América Latina. Ele é um dos principais incentivadores dessa integração.”