'Nova onda'

Em Madri, Lula conclama espanhóis a investir em obras de infraestrutura no Brasil

Presidente disse esperar conclusão de acordo Mercosul-UE ainda neste ano e voltou a clamar pelo fim da guerra “insana” entre Rússia e Ucrânia

Ricardo Stuckert/PR
Ricardo Stuckert/PR
Lula afirmou que é um "entusiasta" da parceria entre o setor público e privado e defendeu o fortalecimento dos sindicatos

São Paulo – Após quatro dias de visita a Portugal, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou nesta terça-feira (25) na Espanha. Em Madri, Lula participou do encerramento do Fórum Empresarial Brasil-Espanha, e conclamou empresários espanhóis a ampliar investimentos em território brasileiro. “A relação do Brasil com a Espanha está chegando a US$ 10 bilhões. É mais do que outros países, mas é pouco perto do que podemos fazer. Queremos atrair o capital produtivo espanhol para o Brasil”, afirmou o presidente.

Assim, Lula afirmou que, no mês que vem, vai lançar um novo programa de investimentos em infraestrutura e espera atrair uma “nova onda de investimentos espanhóis” no Brasil. De acordo com o presidente, um dos objetivos é aperfeiçoar a “infraestrutura logística” do país.

“O aperfeiçoamento da infraestrutura e logística é um desafio que o Brasil deve enfrentar para consolidar seu desenvolvimento. Nenhuma obra permanecerá paralisada. Vamos transformar o Brasil em um canteiro de obras, construindo, ampliando e modernizando portos, aeroportos, ferrovias, rodovias e hidrovias. Vamos superar os gargalos que minam a competitividade brasileira.”

Parcerias

O novo programa, ainda sem nome, se inspira no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado em 2007. Desta vez, além dos investimentos diretos e do financiamento público, o governo deve apostar também em parcerias público-privadas (PPP). 

Nesse sentido, Lula afirmou que é um “entusiasta” da parceria entre o setor público e privado, “porque só assim conseguiremos fazer um país crescer e melhorar a vida de milhões de cidadãos”. Além disso, afirmou que o Brasil trabalha no fortalecimento dos seus marcos regulatórios “para que os parceiros do Brasil possam fazer negócios com toda a tranquilidade necessária”, acrescentou.

Do mesmo modo, citou que o Brasil oferece “estabilidade política e social, segurança jurídica e previsibilidade” aos investidores estrangeiros. Por outro lado, Lula afirmou que deseja que empresários do Brasil invistam na Espanha, “para que as empresas brasileiras tornem-se multinacionais”.

Acordo Mercosul-União Europeia

Aos empresários brasileiros e espanhóis, Lula disse que espera ter “boas notícias” ainda este ano em relação ao acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia (UE). Ele disse que quer um acordo “equilibrado” e que “contribua para a reindustrialização do Brasil.

A partir do próximo semestre, o Brasil vai ocupar a presidência temporária do Mercosul. Ao mesmo tempo, a Espanha vai assumir a presidência rotativa do Conselho da UE. Desse modo, Lula acredita que a cooperação entre Brasil e Espanha “permitirá avanços substantivos para a conclusão do acordo”.

“Eu acho que a Espanha, na presidência da União Europeia, poderá ajudar muito na conclusão desse acordo, que eu imaginava que seria feito no meu primeiro mandato. E esse acordo não foi feito. Espero que a gente consiga fazer agora.”

Ao final, Lula defendeu o fortalecimento dos sindicatos e da representação de trabalhadores nas negociações com empresários. “Se enganam aqueles que governam achando que o sindicato tem que ser fraco. A democracia só será forte se a relação entre o capital e o trabalho for cordial e produtiva”, afirmou. Após o encontro com empresários, Lula se reúne com lideranças sindicais espanholas da União Geral de Trabalhadoras e Trabalhadores da Espanha (UGT) e da confederação Comissões Operárias (CCOO).

Lula e o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, encontram sindicalistas da Espanha em Madri (foto: Ricardo Stuckert)

Guerra na Ucrânia

Ainda durante o fórum empresarial, Lula pediu empenho dos países para colocar fim ao que chamou de “guerra insana” entre Rússia e Ucrânia. “Uma guerra que eu compreendo perfeitamente bem como é que os meus amigos europeus veem a guerra. Uma guerra que jamais poderia ter acontecido, porque não pode se aceitar que um país invade a integridade territorial de outro país. Mas é uma guerra que não tem ninguém falando em paz“, afirmou

Nesse sentido, ele citou que já conversou com chanceler alemão Olaf Scholz, e com os presidentes Joe Biden (EUA), Xi Jinping (China) e Emmanuel Macron (França), na busca por um “denominador” comum para encerrar o conflito. O tema também será discutido no encontro de Lula com o presidente espanhol Pedro Sanchez, que ocorrerá amanhã.

“(Tudo) na tentativa de construir um movimento que traga a paz de volta aqui na nossa querida Europa, para que a gente não fique sonhando toda noite com a possibilidade de uma terceira guerra mundial ou até com o uso de bomba nuclear. O que pode evitar isso é a sensatez de a gente tentar achar um denominador comum para chegar a paz”, concluiu.