Parcerias

Em fórum empresarial Portugal-Brasil, Lula exalta retomada de relações bilaterais ‘em todas as vertentes’

Dirigindo-se ao primeiro-ministro português, António Costa, presidente brasileiro voltou a afirmar que a taxa de juros é um problema para o Brasil

Ricardo Stuckert/PR
Ricardo Stuckert/PR
Lula e o primeiro-ministro de Portugal voaram hoje na primeira aeronave Embraer KC-390 da Força Aérea Portuguesa

São Paulo – Em fala no Fórum de Negócios Portugal-Brasil, em Matosinhos (Portugal), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira (24) que “o Brasil esteve afastado do mundo durante praticamente seis anos”. Segundo ele, o país “foi recusado” por outras nações “porque ninguém tinha interesse em conversar com pessoas que não se comportavam de forma civilizada”. “Quando a gente fala que o Brasil voltou é porque queremos que volte a ter importância que sempre teve.”

Ele acrescentou que a visita a Portugal é um “marco do relançamento das relações bilaterais em todas as suas vertentes”, e destacou que a prioridade do governo é “retomar o desenvolvimento social de forma sustentável”. Lula voltou a criticar a taxa de juros mantida pelo Banco Central.

“Nós temos um problema no Brasil, primeiro-ministro, que Portugal não sei se tem. É que a nossa taxa de juros é muito alta. No Brasil, a taxa Selic, que é a referencial, está em 13,75%”, disse, dirigindo-se ao premiê António Costa. “Ninguém toma dinheiro emprestado a 13,75%. E não existe dinheiro mais barato”, ressaltou.

Apesar dos juros, segundo o mandatário brasileiro, apenas neste ano o governo vai investir R$ 23 bilhões em infraestrutura, o que seria quatro vezes o investido nos quatro anos do mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro. Nesse contexto, o petista disse ainda que quer convidar empresários a fazer parcerias. “Para que um presidente da República possa atrair capital externo, tem que oferecer estabilidade política, social e jurídica”, afirmou, em alusão ao seu antecessor.

Privatizações

Lula criticou a política privatista da gestão anterior, que na economia foi comandada por Paulo Guedes. “Se vendeu patrimônio público para simplesmente pagar juros da dívida pública. Ou seja, o nosso patrimônio ficou menor e a qualidade do serviço não melhorou”, disse o presidente, citando como exemplo o caso da Eletrobras.

O evento em Matosinhos, na Região Metropolitana do Porto, reúne 120 empresas brasileiras e portuguesas. Firmou-se um memorando de entendimento entre a Agência Brasileira de Promoção de Exportações do Brasil (Apex-Brasil) e a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (Aicep).

Cooperação econômica

O memorando contempla a cooperação econômica nos mercados dos países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e a “partilha de boas práticas, ações para promoção do desenvolvimento e internacionalização de startups e promoção de pequenas e médias empresas de ambos os países”, de acordo com nota conjunta.

Segundo o presidente da Apex, Jorge Viana, em 2021 os investimentos do Brasil em Portugal foram de US$ 5,6 bilhões, enquanto o país europeu investiu no Brasil mais do que o dobro: US$ 11,9 bilhões. A intenção é aumentar esses fluxos.

Indústria aeronáutica

Após o Fórum Portugal-Brasil em Matosinhos, Lula e Costa embarcaram no avião KC-390, da Embraer, considerado simbólico por ser a primeira dessas aeronaves entregues para o governo português. Lula e António Costa fizeram uma visita às instalações da Ogma, da indústria aeronáutica, em Alverca, nos arredores de Lisboa.

Os governos de ambos os países devem oficializar a produção do Super Tucano nas instalações da empresa, na qual a Embraer tem participação. A aeronave A-29N (Super Tucano) do contrato terá “padrão Otan), por atender requisitos operacionais da Organização do Tratado do Atlântico Norte.


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