Diminui tensão no conflito entre brasiguaios e sem-terra paraguaios

Governos brasileiro e paraguaio prometem solucionar problema com garantia da segurança de todos os envolvidos

São Paulo – Os conflitos agrários envolvendo brasileiros que vivem no Paraguai e sem-terra paraguaios perderam força nesta quinta-feira (2) diante da possibilidade de uma resolução do problema por intermédio dos governos. Há mais de uma semana, os chamados brasiguaios enfrentam a pressão dos sem-terra paraguaios, os “carperos”, que querem que eles abandonem as terras.

O comandante das Forças Armadas do Paraguai, Felipe Melgarejo, foi nesta quarta-feira (1º) ao Congresso daquele país para prestar explicações sobre os conflitos entre brasiguaios e sem-terra. Na audiência, o militar disse que o governo pretende rever os procedimentos de medição das terras e comprometeu-se a buscar uma solução para o impasse. Do lado brasileiro, a ministra-chefe da Casa Civil, Gleise Hoffmann, atua como representante do Brasil nos entendimentos que mantém com o governo de Assunção. Ela pediu proteção, cuidados e atenção especial do Paraguai para com os brasileiros.

O conflito começou quando 18.000 hectares de terra, pertencentes a 30 produtores brasileiros começaram a ser demarcados pelo Instituto Geográfico Militar paraguaio. Os “carperos” passaram a pressionar e a acompanhar “in loco” as demarcações, exigindo que o governo do presidente Lugo exproprie 160 mil hectares de terras ocupados por brasileiros, localizados a menos de 50 quilômetros da fronteira paraguaia com o Brasil. A estimativa é que cerca de 350 mil brasileiros vivam em território paraguaio – a maioria é de agricultores.

As autoridades paraguaias informaram que as terras foram adquiridas pelos brasiguaios, mas que estão inseridas em uma área destinada à reforma agrária no país, o que não ocorreu. No Paraguai, a delimitação de terras é submetida a uma legislação complexa, mas as definições mais delicadas referem-se às áreas de fronteira, local do conflito.

Parlasul

Enquanto o assunto não se resolve completamente, a bancada brasileira no Parlamento do Mercosul (Parlasul) se mobiliza para tentar acelerar a resolução dos conflitos. O deputado Renato Molling (PP-RS), integrante da representação brasileira, disse que vai propor a realização de audiência no Parlasul para se chegue a uma solução por meio do diálogo. A intenção, segundo ele, é defender os direitos dos brasileiros que vivem no paraguai.

“Tem de ter diálogo. Não é através da força. Nós vamos conseguir resolver, acho que o Mercosul existe para isso. O Brasil tem dado uma força muito grande para o Paraguai, inclusive em outras ocasiões, como a questão da eletricidade”, destacou o parlamentar, em entrevista à Rádio Brasil Atual na última terça-feira (31).