Dilma e Cristina Kirchner estudam ações conjuntas contra valorização de moedas

Peso argentino e real brasileiro estão artificialmente elevados. Reuniões de ministros e presidentes dos bancos centrais devem discutir medidas no início de agosto

Dilma (entre Cristina Kirchner e o chanceler Antônio Patriota), afirmou que parceria entre Brasil e Argentina tem bases sólidas (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil)

São Paulo – As incertezas da economia internacional preocupam as presidentas do Brasil e da Argentina. Após encontro nesta sexta-feira (29), em Brasília, elas reforçaram a necessidade de discutir ações conjuntas entre os países para tentar conter a valorização artificial das moedas de ambos os países, com prejuízos à indústria e a setores exportadores. Os termos das medidas devem ser definidos em reuniões de ministros da Fazenda e presidentes de Bancos Centrais da região, previstas para agosto.

Uma extensa nota assinada por ambos os governos foi divulgada pelo Itamaraty na qual são trocados elogios pelo aumento das trocas comerciais e comemorada a realização da Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada e a Para-Olimpíada de 2016 no Brasil, entre outros temas.

Ao final da reunião, Dilma defendeu que os países da América do Sul coordenem respostas articuladas à situação de crise da economia global. “Devemos definir ações conjuntas e concretas para defender nossos países da excessiva liquidez, que valoriza artificialmente nossas moedas, e da avalanche de produtos manufaturados que, não encontrando mercado nos países desenvolvidos, atingem o emprego e a indústria nas nossas regiões”, disse Dilma.

O encontro entre os titulares da pasta de economia será na próxima quinta-feira (4), em Lima, no Peru. Os presidentes de autoridade monetária devem reunir-se em 11 de agosto. “Temos que nos adiantar porque os tempos do mercado não são muitas vezes os tempos da política”, disse Cristina Kirchner.

Empresários brasileiros têm criticado a imposição de barreiras comerciais por parte da Argentina – ainda que medidas retaliatórias tenham sido adotadas pelo Brasil. Na nota conjunta, não são mencionadas medidas para reduzir instrumentos protecionistas dentro do Mercado Comum do Cone Sul (Mercosul), mas a presidenta Dilma afirmou que a parceria entre os dois países tem “bases muito sólidas, inclusive econômicas”.

Dilma sustenta ainda que as relações do Brasil com a Argentina atingem uma amplitude que não ocorre com nenhum outro. O país sul-americano é o terceiro principal parceiro comercial, atrás da China e dos Estados Unidos. Aos críticos, a presidenta respondeu que, dada a “magnitude” da relação, os “problemas que surgem aqui e ali” são “de pouca monta”.

Foi a primeira vez que Cristina Kirchner visitou o Brasil durante o governo Dilma. A Argentina foi o destino escolhido por Dilma para sua primeira viagem internacional como presidenta – ela foi à Argentina em janeiro.

Com informações da Agência Brasil