Com visita ao Uruguai, Dilma indica prioridade ao Mercosul

Brasília – A presidenta Dilma Rousseff deve chegar nesta segunda-feira(30), por volta das 11h30, a Montevidéu, no Uruguai, para uma visita que mescla política, economia e afeto. Amiga pessoal do […]

Brasília – A presidenta Dilma Rousseff deve chegar nesta segunda-feira(30), por volta das 11h30, a Montevidéu, no Uruguai, para uma visita que mescla política, economia e afeto. Amiga pessoal do presidente uruguaio, José Pepe Mujica, de 77 anos, Dilma admira a história pessoal dele –  que tem vários aspectos comuns com a dela – de combate aos regimes autoritários e luta pelos direitos humanos e pela qualidade de vida dos menos favorecidos.

A viagem ao Uruguai faz parte da determinação de Dilma de dar prioridade ao Mercosul e às relações latino-americanas. Com Mujica, a presidenta negocia parcerias nas áreas de infraestrutura para a produção de software (programa de computador), no setor energético e de linhas de transmissão, assim como de ciência e tecnologia e educação.

Dilma passará cerca de cinco horas em Montevidéu. Nesse período, ela pretende conhecer o Laboratório Tecnológico do Uruguai (Latu), considerado referência na região, comandar ao lado de Mujica reuniões bilaterais, assinar uma série de atos, fazer uma declaração conjunta e fechar a visita com um almoço, no Palácio Santos, sede do governo uruguaio. Ela pretende voltar a Brasília por volta das 16h.

A presença de Dilma no Uruguai reforça o empenho de Mujica para consolidar um novo momento político e econômico no país. Há mais de uma década, os uruguaios, cuja formação educacional é considerada uma das mais alta das Américas, deixam o país em busca de oportunidades no exterior pela carência de vagas qualificadas e salários no mercado de trabalho local.

Mujica e Dilma trabalham no anúncio de medidas para a recuperação de ferrovias e a construção de duas pontes sobre o Rio Jaguarão – na fronteira do Rio Grande do Sul com a cidade de Hulla Negra, no Uruguai -, que tem 32 quilômetros navegáveis. Paralelamente, o Uruguai registra, segundo negociadores brasileiros, o melhor momento econômico desde a 2ª Guerra Mundial (1939-1945).

Economicamente, a visita da presidenta fortalecerá a chamada cadeia produtiva entre o Brasil e o Uruguai. O comércio entre os dois países, em 2010, envolveu pouco mais de US$ 1,3 bilhão, sendo que o Brasil exporta principalmente óleos brutos, autopeças, material químico e alguns tipos de alimentos.

Reduzir a dependência

Com pouco mais de 3,3 milhões de habitantes, o Uruguai registra um dos melhores índices de qualidade de vida da América do Sul. Pelo menos 97% da população são alfabetizados e a média de vida é superior a 76 anos. Ao assumir o governo em março de 2010, o presidente uruguaio, José Pepe Mujica, lançou planos de combate à pobreza e ao desemprego. Também estimula para que a economia uruguaia se diversifique, reduzindo a dependência do Brasil e da Argentina.

A sociedade uruguaia luta para vencer o desemprego e manter a economia menos vulnerável às flutuações  nos preços das commodities (produtos básicos com cotação internacional), uma vez que o país depende do comércio em especial das exportações agrícolas.

Os esforços têm surtido efeito, com a redução do desemprego desde 2008. Nos últimos anos, o Uruguai passou a estimular as pesquisas e o desenvolvimento, o uso comercial de tecnologias e está em primeiro lugar na exportação de software (programa de computador) da América Latina. Paralelamente, o governo Mujica tenta saldar o pagamento da dívida externa do Uruguai.

A agricultura ainda é a base da identidade econômica do Uruguai. Somente esse setor é responsável por cerca de 11% do Produto Interno Bruto (PIB), o que coloca o país entre grandes exportadores agrícolas, como o Brasil, o Canadá e a Nova Zelândia.