Coligação de centro-esquerda vence eleições na Itália, mas país sai dividido

Pierluigi Bersani vota em seção eleitoral em Piacenza, na Itália: país fragmentado e panorama incerto (©Paolo Bona/Reuters) Brasília – A coligação de centro-esquerda do Partido Democrata (PD), liderada por Luigi […]

Pierluigi Bersani vota em seção eleitoral em Piacenza, na Itália: país fragmentado e panorama incerto (©Paolo Bona/Reuters)

Brasília – A coligação de centro-esquerda do Partido Democrata (PD), liderada por Luigi Bersani, já é a vitoriosa nas eleições legislativas na Itália, concluídas anteontem (24).  O resultado, porém, mostrou que o país segue sem rumo. “O vencedor é: Ingovernabilidade”, estampou a manchete desta terça-feira (26) do jornal Il Messaggero de Roma, refletindo o impasse que o país terá de enfrentar nas próximas semanas, com inimigos declarados sendo obrigados a trabalhar juntos para formar um governo.

Resultados preliminares indicavam que a centro-esquerda ficaria com cerca de 119 assentos no Senado, em comparação com 117 para a centro-direita. Mas 158 são necessários para uma maioria para governar. Os números ainda não são definitivos porque a legislação eleitoral italiana prevê uma contabilidade específica e regionalizada para a distribuição das cadeiras.

A coligação de Luigi Bersani também conquistou maioria na Câmara Baixa (equivalente à Câmara dos Deputados), obtendo 29,55% dos votos contra 29,18% da coligação de centro-direita de Berlusconi. Pela legislação italiana, a coligação de Bersani ficará com 340 dos 630 assentos na Câmara Baixa.

Qualquer governo de coalizão que venha a ser formado deve ter a maioria trabalhando em ambas as Casas, para poder aprovar a legislação.

Vitorioso, ainda que por margem estreita de votos, Bersani, disse que a Itália está “em situação muito delicada”. Seu grupo político terá de enfrentar os desafios causados pelos efeitos da crise econômica, como a adoção de medidas de contenção que, em geral, desagradam a população, pois envolvem aumento de impostos e cortes de gastos estatais, afetando diretamente os serviços públicos.

“A esquerda ganhou na Câmara dos Deputados e mesmo no Senado, em número de votos. É evidente para todos que o país enfrenta uma situação delicada”, declarou. “Vamos gerir com a responsabilidade que as eleições nos deram e no interesse da Itália.”

A divisão força agora a negociação entre as forças políticas do país para tentar criar alianças que possibilitem a formação de um governo com maioria nas duas Casas do Parlamento. Caso isso não ocorra, novas eleições poderão ser convocadas. Como é necessário obter maioria nas duas Casas para aprovar leis, a centro-esquerda vai precisar do apoio do Movimento Cinco Estrelas, do humorista Beppe Grippo, ou da centro-direita do ex-premiê Silvio Berlusconi, o que não é provável.

Mas Grillo deixou claro durante a campanha que não formaria coalizões com nenhuma outra força política. Em um sinal do que está por vir, o ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi indicou que a sua centro-direita pode estar aberta a uma grande coalizão com o bloco de centro-esquerda de Pier Luigi Bersani, que terá a maioria na Câmara.

Com reportagens da Agência Brasil e da ©Reuters