'humanitária'

Cameron diz a Parlamento que ação na Síria não será ‘invasão’ ao estilo do Iraque

Líder da oposição britânica, Ed Miliband, prefere esperar resultados da ONU, mas rechaça pressa em apoiar intervenção

Facundo Arrizabalaga/EFE

Para Cameron, desta vez tem-se certeza sobre armas químicas, diferente do que ocorreu no Iraque

São Paulo – Com o rótulo de “intervenção humanitária”, o  primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, disse hoje (29) no Parlamento, em reunião de emergência, que uma intervenção militar na Síria não representaria, ao contrário do Iraque, “uma invasão”, mas uma resposta ao “horrendo” uso de armas químicas.

Cameron falou aos deputados no começo de uma sessão parlamentar de urgência que votará, por volta das 21h (horário local, 17h em Brasília), sobre o “princípio” de uma intervenção militar em resposta aos supostos ataques com armas químicas. O Partido Trabalhista, maioria na oposição, até o momento, é contrário à decisão.

Ao iniciar o debate, o premiê conservador afirmou que um ataque com armas químicas é “um crime contra a humanidade” e que a moção apresentada nesta quinta procura obter o “maior consenso possível”, tanto na Câmara como entre os cidadãos britânicos. “Aprendemos lições de conflitos anteriores, especialmente sobre a profunda preocupação que aconteceu neste país por causa daquilo que foi ruim em 2003 no Iraque”, ressaltou o chefe do governo britânico.

Na sua opinião, a diferença entre a intervenção no Iraque e uma eventual ação militar contra o regime sírio reside no fato de que “agora não há dúvida de que foram utilizadas armas químicas. Ninguém dúvida seriamente sobre isso”, afirmou.

Os membros do Partido Trabalhista criticam a pressa com que o governo, de maioria conservadora, estaria tentando avançar em torno de uma solução militar. Ed Miliband, líder do partido, também disse que não descarta apoiar futuramente o governo em caso de invasão caso sejam provadas, pela ONU ou não, o uso de armas químicas por parte do governo sírio, contra a população civil e a oposição armada – a Síria nega essa acusação. “A estabilidade do país não virá com a ação militar pura e simplesmente”, alegou Miliband.

A Câmara dos Comuns, por exigência do Partido Trabalhista, esperará até a sentença dos inspetores da ONU na Síria para se pronunciar em uma segunda votação, em data ainda não determinada, sobre a intervenção direta de Londres no conflito. Para Miliband, essa moção dará tempo aos parlamentares para tomar a decisão correta. “Cameron precisa apresentar um caso melhor do que fez hoje”, disse o líder da oposição e que o governo deseja uma opção militar desde o princípio das denúncias.

Durante a sessão, o conservador Peter Bone perguntou a Cameron “por que ele achava que Assad tinha feito isso?”, em alusão ao uso de armas químicas. Para o premiê britânico, o líder sírio está testando os limites de onde pode chegar, e se safar. “Nâo temos como saber o que um ditador brutal como este tem em mente”, completou Cameron.

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