Itália

Berlusconi diz que cassação iminente é vontade de ‘eliminar adversário político’

Comissão do Senado aprovou nesta sexta-feira retirada do cargo do ex-primeiro-ministro, que hoje é senador

Ettore Ferrari/EFE

A decisão, baseada na condenação a quatro anos de prisão, ainda precisa ser ratificada pelo plenário

São Paulo – O ex-primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, disse hoje (4) que a aprovação de sua cassação do Senado é fruto da “vontade” de eliminar um rival da política por meios judiciais. A Junta para as Eleições e a Imunidade do Senado votou hoje a favor da cassação de Berlusconi, após ele ser condenado a quatro anos de prisão por fraude fiscal. Em comunicado, o ex-primeiro-ministro afirmou que a decisão, que precisa ser ratificada no plenário para ser definitiva, menospreza os princípios fundamentais do Estado de Direito.

“Esta decisão indigna foi fruto não da correta aplicação de uma lei, mas da vontade de eliminar por via judicial um adversário político que não se conseguiu eliminar nas urnas através dos meios democráticos”, acrescentou Berlusconi

Votação

Após a votação realizada a portas fechadas, o presidente da comissão parlamentar, Dario Stefano, disse à imprensa que houve um “sincero debate”. “Soubemos manter dentro da Junta uma atitude vinculada com um sincero debate entre as distintas teses”, afirmou.

Ele explicou que, agora, redigirá um auto com a justificativa desta decisão e ela será apresentada ao presidente do Senado, Pietro Grasso. É o chefe da Casa que vai decidir quando será a votação no plenário. Ainda nesta sexta-feira, houve uma audiência pública, à qual Berlusconi não compareceu para apresentar sua defesa no caso de suposta fraude fiscal. O ex-primeiro-ministro italiano afirma que a acusação é “injusta” e diz que não há provas de que algum crime foi cometido.

Além disso, o partido de Berlusconi denunciou hoje que Vito Crimi, senador do Movimento 5 Estrelas, do comediante Beppe Grillo, postou no Facebook, durante a deliberação, coisas “vulgares e ofensivas” contra Berlusconi, violando o regulamento. Por isso, a agremiação pediu a suspensão do processo. Em comunicado, o presidente do Senado anunciou que a questão será averiguada.

O plenário do Senado deve decidir agora se ratifica a decisão da Junta de aplicar a Berlusconi a chamada “lei Severino”, aprovada em dezembro passado pelo Executivo do ex-primeiro-ministro Mario Monti e que estabelece a impossibilidade de concorrer a eleições ou a expulsão do Parlamento de pessoas com condenações definitivas e com penas superiores a dois anos de prisão.

Na quarta-feira (2), uma manobra de Berlusconi para tentar derrubar o atual primeiro-ministro do país, Enrico Letta, foi frustrada. Ele tentou tirar o partido que comanda, o PdL, da atual coalização que governa a Itália. Letta, no entanto, conseguiu um voto de confiança do parlamento e permanece no cargo. Berlusconi, inclusive, votou a favor do premiê.