machismo mata

Argentina: mulheres realizam paralisação nacional contra feminicídio

Manifestação ocorre após assassinato brutal de jovem de 16 anos no país; apenas neste mês, Argentina registrou 19 feminicídios

TVT/REPRODUÇÃO

Dados do governo argentino apontam que, desde 2008, a violência contra a mulher aumentou em 78%

Opera MundiMilhares de mulheres na Argentina realizaram, ontem (19), uma paralisação nacional contra o machismo e o feminicídio no país, após a morte brutal da jovem de 16 anos Lucía Perez, em Mar del Plata.

Vestidas de preto e com os motes Nós paramos, Nenhuma a menos, Vivas nos Queremos e Justiça por Lucía, mulheres pararam de trabalhar das 13h às 14h, no horário local, e fizeram uma espécie de panelaço em protesto. Às 17h, elas voltarão a se reunir para dar continuidade às manifestações.

A paralisação de mulheres surge após 31 anos de encontros de mulheres, onde debatemos, trocamos ideias, instalamos uma agenda e elevamos demandas concretas a uma problemática urgente. É verdade que mortes recentes como a de Lucía e a da jovem que foi encontrada numa caixa de papelão em Córdoba puseram uma data concreta (para a paralisação), mas há muito mais pelo que marchar, disse ao Ámbito.com Florencia Alcaraz, integrante do coletivo argentino Ni Una Menos.

O grupo é um dos vários que organizou a paralisação de ontem, inclusive emitindo um comunicado aconselhando como deviam proceder os homens durante o protesto: se colocando à disposição para que as mulheres pudessem participar do evento, gerar espaços de problematização do próprio machismo e assumir um lugar secundário e periférico na manifestação pública contra o machismo.

“A violência machista é um problema social que temos que enfrentar entre todxs (sic), mas (a participação dos homens), que pretende substituir as vozes das companheiras, disputar o protagonismo, invadir espaços de encontro entre elas aos que (homens) não são convidados, são também manifestações — ainda que mais sutis — de violência machista”, afirmou o Ni Una Menos em nota.

Estatísticas do governo argentino mostram que, desde 2008, a violência contra a mulher aumentou em 78%. O Registro Argentino de Feminicídios estima que duas a cada dez mulheres assassinadas no país tenham feito queixas prévias sobre violência.

Apenas em outubro deste ano — 19 dias —, o país registrou 19 feminicídios.

Lucía Perez

No dia 15 de outubro, a jovem de 16 anos Lucía Perez foi drogada, estuprada e morta por empalamento na cidade de Mar del Plata, na Argentina. Seus assassinos ainda lavaram seu corpo e a levaram para o hospital na tentativa de apagar os resquícios da violência e evitar, sem sucesso, uma prisão.

Até o momento, dois homens foram presos, mas, após realizar um exame de DNA no corpo da vítima, as autoridades disseram que há uma terceira pessoa envolvida.

O assassinato aconteceu apenas uma semana depois de uma marcha de mulheres na cidade de Rosário.

Nesta quarta, a mãe de Perez pediu que as argentinas participem das manifestações no país “para pedir justiça e para que não haja mais Lucías”.

Outras capitais

Em Lima, capital do Peru, mulheres realizaram uma intervenção ao Palácio da Justiça para protestar contra as penas leves dos agressores e assassinos. Em Paris, na França, centenas de mulheres caminharam pelas ruas da cidade para prestar apoio às argentinas.

Assista a reportagem do Seu Jornal, da TVT: