crise econômica

Alta do desemprego provoca ‘emergência sanitária’ na Espanha, alerta OMS

Relatório de organização da saúde fala em aumento dos problemas mentais, da taxa de mortalidade entre jovens e dos suicídios; e sugere que país contraria medidas recessivas impostas pela troika

EFE

População jovem desempregada na Espanha já chega a 52%. Índice é o mais alto da Europa

Londres – O alto desemprego de jovens na Espanha “é uma emergência sanitária” que pode produzir graves consequências à saúde das futuras gerações, afirmou hoje (30) em Londres o autor de um estudo para a Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre as desigualdades de saúde na Europa, Michael Marmot.

Diretor do Instituto de Igualdade Sanitária da University College de Londres, Marmot ressaltou que o governo espanhol deve introduzir medidas de proteção social para evitar a deterioração da geração jovem, que enfrenta o risco de problemas mentais e uma taxa de mortalidade mais alta.

“É urgente promulgar políticas econômicas e sociais que deem a estas pessoas um futuro”, disse o acadêmico, que em sua apresentação mostrou uma foto de indignados se manifestando nas ruas de Madri.

Estas medidas incluiriam, segundo Marmot, o incentivo ao emprego com formação, assim como a garantia de renda para os desempregados.

“Me preocupa que as medidas de austeridade impostas a Espanha, Grécia e Portugal estejam aumentando o desemprego entre a população jovem”, disse o acadêmico, que ofereceu à Espanha uma receita para prevenir males maiores.

“O governo espanhol deve enfrentar a troika (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional) e dizer que deixe de impor medidas que prejudiquem a sua população”, declarou.

“Com 52% de desemprego entre jovens, o mais alto da Europa, a Espanha enfrenta uma emergência sanitária”, declarou Marmot.

A falta de emprego, argumentou, “é muito nociva para a saúde”, com o efeito a curto prazo de “problemas de saúde mental”, assim como um maior índice de distúrbios sociais.

A longo prazo, os desempregados sofrem “mais problemas físicos de saúde” e teriam taxa de mortalidade 20% mais alta que as pessoas empregadas.

Os suicídios, “que são a ponta do iceberg”, aumentam de maneira proporcional ao desemprego, disse o especialista.

No caso dos jovens, a falta de emprego nessa faixa de idade “diminui suas perspectivas de uma vida melhor no futuro, o que por sua vez repercutirá em seus filhos, que nascerão na pobreza ou com menos oportunidades”.

Segundo o relatório apresentado hoje em Londres, “todos os países da Europa, ricos ou pobres, podem tomar medidas para melhorar a saúde de suas populações, pois é uma questão de prioridade”.

“Uma pequena intervenção nos primeiros anos de vida de uma criança, para melhorar seu acesso à educação e a um estilo de vida, pode ter um grande efeito, pois essa pessoa se desenvolverá melhor em anos posteriores”, argumentou a diretora para a Europa da OMS, Zsuzsanna Jakab.

O relatório da OMS analisa as desigualdades de saúde entre 53 países europeus e sugere iniciativas que os governos possam aplicar para reduzir o problema, como a diminuição da pobreza infantil, a melhora da educação sanitária ou um sistema público de saúde de qualidade.