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Nações Unidas perdem contato com maior hospital da Faixa de Gaza

Organização Mundial de Saúde afirma que o Al-Shifa estava cercado por tanques israelenses e que vem sofrendo pesado bombardeio nos últimos dias. Cruz Vermelha informa colapso de outro hospital

(OMS)
(OMS)
Al-Shifa tem cerca de 600 pacientes internados

São Paulo – A Organização Mundial de Saúde (OMS) informou na noite de sábado (11) que perdeu contato com Al-Shifa, o maior hospital da Faixa de Gaza. Disse também ter assumido que as pessoas com quem falavam no hospital fugiram. O órgão reafirma que o local estava cercado por tanques e que vinha sendo alvo de bombardeios israelenses nos últimos dias. Relatos detalhavam a situação e dão conta de ataques a pacientes por atiradores de elite, além de massacre de quem tentava escapar para o sul.

“A OMS perdeu comunicação com todos os contatos no hospital Al-Shifa no norte de Gaza. Como reportes aterrorizantes do hospital sofrendo ataques repetidamente continuam a vir à tona, nós assumimos que nossos contatos juntaram-se às dezenas de milhares de pessoas desalojadas e estão fugindo da área”, afirmou a entidade, braço das Nações Unidas para a saúde. “Nas últimas 48 horas, o hospital Al-Shifa, o maior complexo médico em Gaza, reportou múltiplos ataques, deixando muitos mortos e feridos”, acrescentou. “Os últimos relatos falam que o hospital estava cercado por tanques.”

Ataques a hospitais

Os israelenses já haviam cortado o fornecimento de água e eletricidade em Gaza, gerando caos no sistema hospitalar. “As equipes (do Al-Shifa) reportam falta de água limpa e risco de que os setores ainda funcionando de forma crítica, incluindo UTIs, ventiladores e incubadoras, logo desligariam por falta de combustível (para geradores), colocando as vidas dos pacientes em risco imediato”, diz a OMS. “Há reportes de que algumas pessoas que fugiram do hospital foram baleadas, feridas ou até mortas”.

Na manhã deste domingo (12), a Cruz Vermelha (PRCS) informou que o hospital al-Quds está “fora de serviço e não está mais funcionando.” O corte nos serviços se dá por falta de combustível e energia. “O PRCS responsabiliza a comunidade internacional e os signatários da Quarta Convenção de Genebra pelo colapso total do sistema de saúde e pelas terríveis condições humanitárias resultantes”, acrescenta.

Mortes e mais mortes

Mohammed Obeid, cirurgião da organização não governamental Médico Sem Fronteiras (MSF), fez relato detalhado de como estava o Al-Shifa. “Estamos no quarto andar. Há um atirador de elite que atacou quatro pacientes dentro do hospital. Um deles tem ferimento à bala diretamente no pescoço e é um paciente com tetraplegia. Outro foi baleado no abdômen. Algumas pessoas saem do hospital, querem ir para o sul. Elas foram bombardeadas, bombardearam suas famílias”, diz. “Não há eletricidade, não há água, não há comida. Nossa equipe está exausta. Dois bebês recém-nascidos morreram porque a incubadora não está funcionando, porque não há eletricidade. Um paciente na UTI morreu porque o ventilador respiratório parou de funcionar.”

O médico acrescenta que vê fumaça por todo o arredor do hospital. “Atingiram o hospital muitas vezes”. Mohammed Obeid afirma que há 600 pacientes no Al-Shifa, sendo entre 37 e 40 bebês prematuros, outros 17 estão na UTI. “Queremos que alguém nos dê a garantia de que será possível evacuar os pacientes.”, acrescenta. “A situação é muito, muito ruim. Precisamos de ajuda, ninguém nos ouve”.