direitos humanos

Agentes da ditadura que assassinaram jornalista são condenados no Chile

Juiz Leopoldo Llanos, da Corte de Apelações, sentencia a dez anos e um dia de prisão o brigadeiro Miguel Krassnoff e mais seis militares

Santiago do Chile – Um juiz especial chileno condenou nesta sexta-feira (5) a dez anos de prisão sete ex-agentes da ditadura de Augusto Pinochet como autores do homicídio qualificado do jornalista Augusto Carmona Acevedo, cometido em 7 de dezembro de 1977, informaram fontes judiciais.

Em uma decisão de primeira instância, o juiz Leopoldo Llanos, da Corte de Apelações de Santiago, condenou a dez anos e um dia de prisão o brigadeiro Miguel Krassnoff Martchenko e os agentes, também militares, Enrique Sandoval Arancibia, Manuel Provis Carrasco, José Fuentes Torres, Luis Torres Méndez, Teresa Osorio Navarro e Basclay Zapata Reyes.

Krassnoff e Zapata Reyes somam sentenças de 200 anos de prisão em dezenas de casos de violações dos direitos humanos.

Na época dos fatos, a ditadura afirmou que Carmona, dirigente do Movimento de Esquerda Revolucionária (MIR), tinha morrido em um enfrentamento com agentes de segurança que foram prendê-lo em sua casa, no município de San Miguel.

No entanto, vizinhos disseram que quando os policiais chegaram no local não encontraram ninguém, por isso se esconderam até que, horas depois, Carmona chegou e foi executado quando tentava abrir a porta de casa.

Os agentes colocaram o corpo no interior do imóvel e forjaram um falso enfrentamento para encobrir o crime.

A execução, segundo a decisão do tribunal, foi cometida com premeditação e com aleivosia (traição e deslealdade), e sem nenhuma ordem judicial ou administrativa que o justificasse, apenas “com fins de repressão política”.

O juiz, nesse contexto, considerou que se trata de um crime contra a humanidade.

Na esfera civil, o juiz ordenou ao Estado chileno o pagamento de uma indenização de 200 milhões de pesos (cerca de US$ 330 mil) aos parentes da vítima por dano moral.

Augusto Carmona Acevedo, que tinha 38 anos quando foi assassinado, estudou jornalismo na Universidad de Chile, foi chefe de imprensa do Canal 9 de Televisão e membro do Conselho de Redação da revista Punto Final.

Durante a ditadura de Pinochet, segundo números oficiais, 3.200 chilenos foram mortos pelo regime, dos quais 1.192 estão desaparecidos.