Tensão

Putin: melhor solução seria Ucrânia desistir de ingressar na Otan

Parlamento Russo aprovou o envio de tropas para as regiões de Luhansk e Donetsk, mas Putin negou a intenção de agir “imediatamente”

Reprodução/RT
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Após Rússia reconhecer a independência de Luhansk e Donetsk, Estados Unidos e União Europeia preparam sanções econômicas

São Paulo – A pedido do presidente Vladmir Putin, o Parlamento Russo aprovou nesta terça (22), por unanimidade, o envio de “missões de paz” às duas regiões de maioria russa no leste da Ucrânia. A vigência da cooperação militar é pelos próximos de 10 anos. A decisão ocorre um dia após a Rússia reconhecer oficialmente a independência das repúblicas populares separatistas de Donetsk e Luhansk. Putin, contudo, tratou hoje de baixar a temperatura: “Não disse que nossas tropas irão para lá imediatamente”, afirmou.

Em entrevista coletiva, ele afirmou que a solução para a crise na região seria a Ucrânia desistir de fazer parte da Otan, aliança militar liderada pelos Estados Unidos. “A melhor solução para essa questão seria que as autoridades atualmente no poder em Kiev desistissem de ingressar na Otan por conta própria e se mantivessem na neutralidade”.

Já as “missões de paz” são uma resposta à escalada militar ucraniana na região do Donbass, onde ficam as novas repúblicas de Donetsk e Luhansk. De acordo com a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), durante o final de semana houve mais de três mil violações ao cessar-fogo nas duas regiões. Desse modo, as tropas russas podem entrar em ação, se militares e paramilitares ucranianos aumentarem a carga contra as maiorias russas que vivem na região.

Nesse sentido, Putin declarou que o acordo de paz de Minsk não existe mais. E culpou Kiev por desrespeitar a autonomia de Donetsk e Luhansk, continuando a atacar as regiões. No entanto, ao reconhecer as novas repúblicas, Moscou definiu como fronteiras as áreas totais das duas regiões, com partes ainda sob controle militar ucraniano. Os russos, a qualquer momento, expulsar as forças militares ucranianas, alargando as áreas sob controle dos separatistas.

Reação ocidental

Ontem, a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, disse que o governo dos Estados Unidos está preparando sanções econômicas contra Luhansk e Donetsk. Dessa forma, empresas norte-americanas serão impedidas de investir e comercializar em ambas as regiões. Os Estados Unidos e a União Europeia também devem anunciar nesta terça-feira novas sanções contra a Rússia.

O ministro britânico, Boris Johnson, não esperou os aliados e já anunciou sanções econômicas a cinco bancos e três altos executivos russos. São empresários bilionários dos ramos financeiro e de energia, que têm relações próximas com Putin. “Queremos impedir que as empresas russas consigam levantar fundos em libras esterlinas ou mesmo em dólares”, disse Johnson ao Parlamento.

Acuado internamente por escândalos relacionados à pandemia, Johnson afirmou que Putin prepara uma “subversão violenta” das regiões no leste da Ucrânia. Ele considera que as forças militares russas já estão no Donbass, o que representa uma invasão do “território soberano ucraniano”, segundo ele.

Além dos ingleses, os alemães reagiram. O chanceler, Olaf Scholz, anunciou hoje que suspendeu o de licenciamento do gasoduto Nord Stream 2, no Mar Báltico. O polêmico gasoduto que liga a Alemanha à Rússia tem capacidade de transportar 55 mil milhões de metros cúbicos de gás por ano à Europa. Com obras já concluídas, depende apenas do aval das autoridades alemães para passar a operar. Contudo, os norte-americanos são contra, de olho nesse mercado. E também porque temem uma possível aproximação russo-germânica.