Novo presidente

Na posse, Biden pede união e promete combate a extremismo e supremacismo branco

Democrata reafirmou o compromisso de “recuperar as alianças com o mundo mais uma vez”, mas seu secretário de Estado é considerado intervencionista

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“Precisamos de união, para combater os inimigos, a raiva, o extremismo, a violência, o desemprego”, disse o democrata

São Paulo – Em seu discurso de posse, o novo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, destacou a necessidade de união dos americanos, a luta contra a pandemia de coronavírus, e se disse comprometido com a democracia e o combate ao “extremismo político, o supremacismo branco, o terrorismo interno”.  Em total oposição ao negacionismo de Donald Trump, que não compareceu a posse, Biden afirmou que sua primeira ação no cargo seria pedir à população que se unisse “numa prece em silêncio” pelos 400 mil americanos mortos na pandemia de covid-19. “Este é um momento de provação, de um ataque à democracia e à verdade. Há um vírus feroz que mostra a desigualdade, temos a crise climática, temos o papel dos Estados Unidos no mundo”, afirmou, resumindo algumas bandeiras de sua campanha que são, também, opostas às do negacionista brasileiro Jair Bolsonaro, seguidor de Trump.

“Precisamos de união, para combater os inimigos, a raiva, o extremismo, a violência, o desemprego”, disse. Ele se comprometeu em “reconstruir a classe media e criar a saúde para todos”, em referência ao programa Obamacare, que o democrata Barack Obama implementou parcialmente no país. “Serei um presidente para todos os americanos, lutarei pelos que me apoiaram e não apoiaram”, prometeu. Ele reafirmou ainda o compromisso de “recuperar as alianças com o mundo mais uma vez” e prometeu que seu governo será “parceiro em prol da paz e da segurança”. A fala diz respeito à volta dos EUA ao Acordo de Paris e sua participação em organismos como a Organização Mundial da Saúde (OMS), rejeitados pelo antecessor.

Mas o diplomata Antony Blinken – apontado por analistas como “intervencionista” – será o secretário de Estado, cargo dotado de enorme poder político, incumbido da diplomacia, ocupado por Hillary Clinton no governo Barack Obama. Blinken aponta para a manutenção da tradicional política norte-americana no mundo. Ao ser aprovado no Senado, ele disse que o governo fará o que puder “para evitar que o Irã adquira registro ou obtenha armas nucleares em curto prazo”. Sobre a China, declarou que o país “representa o desafio mais significativo dos Estados Unidos”, e acrescentou: “Devemos começar a abordar o país em uma posição de força, não de fraqueza”.

Público interno

No discurso, Biden dirigiu-se ao público interno.  “As forças que nos dividem são profundas e reais, mas não são novas”, destacou, referindo-se “ao medo e ao racismo nos dividiram tanto”. “Um número suficiente de americanos se uniu (por sua candidatura). Não vai haver progresso sem união, não haverá uma nação, só caos. A união é o caminho a seguir. A política não tem que ser um incêndio que destrói tudo a sua frente”, disse, em referência ao ataque desferido por extremistas ao Capitólio há duas semanas.

“Precisamos rejeitar a cultura onde fatos são manipulados e inventados”, acrescentou, sob aplausos, referindo-se à disseminação de fake news, tanto na campanha eleitoral de 2016 pela campanha de Trump quanto durante o mandato do republicano. Por divulgar notícias falsas, a conta do agora ex-presidente no Twitter foi permanentemente banida pela plataforma dois dias depois dos ataques Congresso americano por seus apoiadores em 6 de janeiro.

Biden vai “recompensar” o eleitorado que o levou à Casa Branca. Adotará medidas como a revogação do veto à entrada de imigrantes de países muçulmanos. Ele deve também manter a suspensão das prestações de empréstimos estudantis. A população mais jovem foi importante para sua eleição, assim como os negros, representados no governo pela vice-presidente Kamala Harris, primeira negra a ocupar o cargo na história. No primeiro dia de governo, são esperadas medidas de promoção de igualdade racial e de gênero.

Departamento de Defesa

Lloyd Austin, primeiro negro a ocupar o poderoso Departamento de Defesa, prometeu “lutar para livrar o país de extremistas e racistas”. “O trabalho do Departamento de Defesa é manter a América protegida de nossos inimigos. Mas não podemos fazer isso se alguns desses inimigos estiverem dentro do nosso próprio país”, disse Austin ao ter seu nome confirmado pelo Senado. O Executivo deve abortar a construção de um muro na fronteira com o México.

O diplomata Antony Blinken será o secretário de Estado, cargo também dotado de enorme poder político, ocupado por Hillary Clinton no governo Barack Obama. Blinken aponta para a manutenção da tradicional política norte-americana no mundo e é apontado por alguns analistas como “intervencionista”. Também no Senado, ele disse que o governo fará o que puder “para evitar que o Irã adquira registro ou obtenha armas nucleares em curto prazo”. Sobre a China, declarou que o país “representa o desafio mais significativo dos Estados Unidos”, e acrescentou: “Devemos começar a abordar o país em uma posição de força, não de fraqueza”.