Candidatura de Donald Trump deve ‘morrer na reta final’, diz professor
Inicialmente, o fato de não ser do 'establishment' político favorece magnata, mas quando republicanos forem decidir candidatura, nome será de um político mais tradicional, acredita Thomas Heye, da UFF
Publicado 25/12/2015 - 09h52
São Paulo – O magnata norte-americano Donald Trump, pré-candidato do Partido Republicano à presidência do país, não deverá passar pelas primárias de sua legenda. Se conseguir a improvável indicação dos republicanos na convenção que será realizada em julho, em Cleveland (Ohio), Trump não será páreo para a provável candidata democrata na eleição de novembro, Hillary Clinton. A opinião é do professor Thomas Heye, do Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense (UFF).
O apoio dos republicanos ao bilionário na disputa pela indicação do partido saltou de 32%, em novembro, para 38% em dezembro, segundo pesquisa do jornal Washington Post e da rede ABC News. Trump é seguido pelo senador de origem cubana Ted Cruz (15%), que cresceu sete pontos. O neurocirurgião Ben Carson, um novato, vem em seguida com 12%, empatado com o senador Marco Rubio. O ex-governador da Flórida Jeb Bush, irmão do ex-presidente George W. Bush, tem apenas 5%. A margem de erro do levantamento é de seis pontos percentuais.
Ao contrário de analistas que consideram que o ultraconservador Trump é uma “ameaça” aos democratas, Thomas Heye acredita que ele é positivo para Hillary. “Trump não faz parte do establishment político, está correndo por fora no Partido Republicano, mesmo liderando as pesquisas”, analisa. “Inicialmente, não ser do establishment o ajudou, por ser uma candidatura diferente, que não é mais do mesmo. Os outros competidores são políticos veteranos, e ele aparece como alternativa. Mas quando realmente forem decidir o candidato, acho que o establishment vai fazer prevalecer um candidato dele, um nome mais palatável, menos histérico”, diz Heye.
Mas o professor faz uma ressalva: “Isso é um exercício de futurologia, já que a eleição está muito longe ainda”. As eleições que vão decidir o próximo presidente dos Estados Unidos serão realizadas no dia 8 de novembro de 2016.
Caso, porém, Trump seja o indicado, melhor para Hillary, uma candidata experiente e representante reconhecida do establishment, avalia Heye. “Num eventual combate entre Hillary e Trump, acho que Hillary devora ele. Inclusive, se ele pode fazer uma campanha bilionária, ela também pode fazer.”
Para Heye, o senador Ted Cruz “pode ser a alternativa dos republicanos”. Já o irmão de George W. Bush está “patinando” e, no momento, não parece que conquistará o direito de disputar a sucessão de Barack Obama, que na segunda-feira (21) rebateu as acusações de Trump de que o presidente não tem sido fiel aos “valores ocidentais” e tem apoiado causas muçulmanas. Obama respondeu que acredita ser criticado por Trump por ser um afrodescendente na Casa Branca. Trump propôs proibir a imigração de muçulmanos ao país.
“Trump é histriônico, um pouco comédia. Eu não apostaria nele, acho que vai morrer na reta final. Estão inflando a candidatura dele, é uma candidatura de protesto, uma espécie de Tiririca americano, mas um Tiririca rico e loiro”, diz Heye.