sem fim

Crimes ‘pela honra’ de homens repetem extrema violência contra mulheres

No Oriente Médio, jovem paquistanesa morre queimada pelo homem que lhe pediu em casamento e afegã é apedrejada até a morte por tentar fugir de matrimônio indesejado

Fernando Frazão/Agência Brasil

No Paquistão, anualmente centenas de mulheres são mortas por parentes devido à violência doméstica

Brasília – Dois episódios agora revelados somam-se à extensa galeria de violência de gênero contra a mulher, agora no Oriente Médio. Uma jovem afegã foi apedrejada até a morte por talibãs e chefes de guerra por tentar fugir de seu casamento indesejado e uma paquistanesa teve o corpo queimado pelo homem com quem negou-se a se casar.

No Afeganistão, um vídeo da execução, confirmado como verdadeiro pelo governo provincial, circula nas redes sociais e foi divulgado na televisão local. O apedrejamento ocorreu “há cerca de uma semana” em Ghalim, área montanhosa e de deserto na província de Ghor, informou a governadora Sima Joyenda, uma das duas mulheres que governam províncias do Afeganistão.

No vídeo, vê-se uma jovem em um buraco aberto no chão, apenas com a cabeça de fora, enquanto um homem vestido de preto pega uma pedra e atira em sua direção. Em seguida, três outros homens atiram pedras. Um deles sugere à jovem que recite a shahada, a profissão de fé muçulmana.

A vítima “foi apedrejada até à morte por talibãs, por clérigos e chefes de guerra irresponsáveis”, reagiu Sima Joyenda, acrescentando que a jovem tinha entre 19 e 20 anos e foi casada contra a sua vontade. “Tinha fugido com outro homem da sua idade”, explicou.

A governadora pediu ao governo central de Cabul que liberte a região do controle dos talibãs.

Paquistão

Uma jovem paquistanesa morreu hoje (3) em decorrência de queimaduras causadas pelo homem com quem recusou a casar-se, informou um médico do hospital de Multan, no Paquistão.

Durante sua internação, desde final de outubro, Sonia Bibi, com 20 anos, informou à polícia que Ahmed Latif, de 24, cobriu seu corpo com petróleo e ateou fogo às suas roupas depois de ter se recusado a se casar com ele.

Os médicos haviam inicialmente estimado que a jovem estava fora de perigo, mas segundo os relatos médicos, as queimaduras infeccionaram, o que causou a morte da paciente.

Aproximadamente de 40% a 50% da superfície do corpo de Sonia Bibi foram queimados, informou o médico Naheed Chaudhry.

O crime ocorreu numa vila remota do distrito de Multan, na província de Punjab. O homem foi preso pela polícia da região.

A investigação policial demonstrou que o acusado tinha ateado fogo às roupas da mulher depois de ela “ter recusado o pedido de casamento”.

Todos os anos no Paquistão centenas de mulheres são mortas por parentes devido à violência doméstica ou a crimes cometidos em nome da “honra da família”.

Segundo a Fundação Aurat, que faz campanha para melhorar a situação das mulheres no Paquistão, mais de 3 mil foram vítimas de ataques semelhantes desde 2008.