Crise humanitária

Conflitos deixam 13 milhões de crianças fora da escola

Relatório da Unicef aponta impacto da violência na educação em países do Oriente Médio e do Norte da África; 9 mil colégios na Síria, Iraque, Iêmen e Líbia estão destruídos ou danificados

Unicef/NYHQ2015-1130/Mahmoud

Somente na Síria, Iraque, Iêmen e Líbia, quase 9 mil escolas foram destruídas ou danificadas

Nova Iork – Crises políticas e conflitos em países do Oriente Médio e do norte da África estão prevenindo 13 milhões de crianças de frequentarem as escolas. Esse é o principal dado do relatório “Educação sob Ataque”, divulgado pelo Unicef nesta quinta-feira.

O foco do levantamento é o impacto da violência no sistema educacional de nove países das duas regiões. Ataques contra escolas são a principal razão pela qual milhões de alunos não podem mais frequentar as salas de aula.

Refugiados Sírios

Somente na Síria, Iraque, Iêmen e Líbia, quase 9 mil escolas foram destruídas ou danificadas em meio aos confrontos e muitas servem agora de abrigo para famílias desalojadas.

Com a violência, muitos professores também abandonaram o trabalho e muitos pais optaram por não enviar seus filhos às escolas.

Na Jordânia, no Líbano e na Turquia, 700 mil crianças sírias, que agora são refugiadas, não podem estudar porque os sistemas educacionais desses países já não conseguem suportar tantos alunos a mais. O Unicef lembra que essas nações vizinhas à Síria receberam 4 milhões de refugiados sírios.

Palestinos

Já na Faixa de Gaza, centros de ensino viraram abrigos para as famílias que tiveram suas casas destruídas. A situação ainda é reflexo da violência entre israelenses e palestinos ocorrida há um ano, que também causou a destruição de várias escolas e deixou traumas psicológicos nas crianças. Na época, 551 menores palestinos foram mortos.

No Iêmen, a escalada da violência desde março deixou o país, que já era frágil, quase “à beira de um colapso”, na avaliação do Unicef. Milhares de escolas estão fechadas e 1,8 milhão de crianças estão sem estudar.

Antes do conflito, 1,6 milhões de alunos já estavam fora da escola. Os confrontos no Iêmen prejudicam o acesso a serviços básicos e o Unicef destaca que 80% da população do país precisa de assistência humanitária.

África

No Sudão, o Unicef avalia que “quase quatro décadas de guerra deixaram mais de 3 milhões de crianças fora da escola”. Em regiões como Darfur e Kordofã Sul, a violência é a principal razão para que os menores deixem de estudar.

O relatório do Fundo da ONU para a Infância também traz dados da Líbia, país em conflito desde 2011. Muitas escolas no noroeste e no sul do país estão abrigando deslocados internos e na cidade de Bengazi, a taxa de frequência escolar caiu 50%.

O Unicef pede aos países que recebem refugiados, à comunidade internacional e ao setor privado para aumentarem os serviços informais de educação nos países em conflito e para aumentarem também o apoio nessas nações.

Contratar e treinar professores e fornecer material escolar são outras medidas que podem contribuir para que milhões de crianças voltem a estudar. O Unicef precisa de US$ 300 milhões para financiar os trabalhos de emergência na área da educação em países do norte da África e do Oriente Médio.