Tempos difíceis

Europa, em turbulência, espera referendo grego neste domingo

Além da situação dos gregos, professor Flávio Aguiar comenta sobre atentados promovidos pelo Estado Islâmico

Andreas Trepte/ Creative Commons

Aguiar: “Em todo caso uma coisa é certa. Não importa o resultado, será complicado para a Grécia”

São Paulo – “A respiração está suspensa pela expectativa do que deve acontecer na Grécia domingo”, diz o professor Flávio Aguiar sobre situação no continente europeu, em sua coluna para a Rádio Brasil Atual. Amanhã deve ocorrer um referendo para decidir se os gregos aceitam ou não medidas de austeridade impostas pela troika composta por Comissão Europeia (CE), Banco Central Europeu (BCE) e Fundo Monetário Internacional (FMI) – para realização de acordos econômicos que retirem a Grécia da situação de calote.

Estão marcadas diversas manifestações em solo grego. “Contra e pró-governo. A última pesquisa dá uma ligeira vantagem para a vitória do ‘sim’, porém, pairam dúvidas acerca da legitimidade. Uma coisa é certa. O país está dividido”, comenta o professor. “O referendo está se transformando em uma espécie de plebiscito sobre o governo do Siryza”, completa.

O governo grego de Alexis Tsípras espera a vitória do “não” às exigências de austeridade. “Varoufakis (ministro das Finanças da Grécia) deu declarações contraditórias recentemente. Em uma, disse que renunciaria caso vencesse o ‘sim’. Em outra declarou que já havia um acordo nos bastidores entre o governo, o BCE e a União Europeia (UE). Isso independente do resultado”, diz Flávio Aguiar.

Em contrapartida, outro membro da troika aponta para um outro lado. “O FMI deu uma declaração que a dívida grega é ‘impagável’. Eles fizeram cálculos dizendo que para a Grécia saldar a dívida, teria de receber mais de 60 bilhões ao longo de três anos, e que deveria começar a pagar os débitos apenas em 2055”, comenta. “Esta declaração favorece o ‘não’, pois caso o povo diga ‘sim’, pode significar uma insolvente recessão de décadas”, afirma o professor.

Para ele, a troikaestá trabalhando para derrubar o governo do Siryza. “Eles querem colocar alguém mais aberto às austeridades. Uma clara demonstração disso é o que disse Martin Schulz, presidente do Parlamento Europeu e ligado à socialdemocracia alemã, que o ideal seria a queda do primeiro ministro Tsípras e, substituição por um governo que chamou de ‘tecnocrático’. Essa informação é polêmica visto que isso já fora tentado na Grécia, e nada foi resolvido”, aponta Flávio Aguiar.

O professor ainda recorda que a Europa possui outros setores de instabilidade. “Vale lembrar que um partido de esquerda pode ser eleito na Espanha. Também, na Inglaterra, deve ocorrer um plebiscito para decidir a permanência ou não do país na UE”, diz.

O mês do Ramadã

O professor comenta sobre um novo atentado do grupo Estado Islâmico, o Isis, desta vez contra um patrimônio da humanidade. “ Grupos radicais que se dizem islâmicos mas têm muito mais a ver com o fascismo, decidiram transformar o mês do Ramadã (período de jejum e meditação de muçulmanos) em um mês de militância. Então, o Isis teria destruído uma estátua de um leão na cidade de Palmira, um dos maiores sítios arqueológicos romanos do mundo.”

“O governo Sírio, onde fica Palmira, anunciou que a obra foi dinamitada. Ao mesmo tempo, no Egito, o Isis atacou postos de controle de fronteira do exército. No confronto morreram 100 militantes e 17 soldados egípcios”, comenta sobre o grupo terrorista. “Também houve um atentado no Cairo que matou o procurador-geral. Ele era uma figura odiada pelos defensores dos direitos humanos. O Isis não assumiu, mas não se sabe ao certo o que aconteceu”, conclui.

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