direitos humanos

Conselho da ONU condena Israel e ordena investigação sobre ataques em Gaza

Comissária das Nações Unidas sugere que Tel Aviv está cometendo 'crimes de guerra' durante ofensiva ao território palestino; 651 já morreram, na maioria civis

EFE/Mohammed Saber

Trabalhadores da Cruz Vermelha buscam sobreviventes em destroços na Faixa de Gaza

São Paulo – O Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas aprovou hoje (23) uma resolução que condena Israel pela ofensiva sobre a Faixa de Gaza e cria uma comissão para investigar crimes e violações do direito internacional durante a operação militar, conhecida como Margem Protetora. De acordo com autoridades palestinas, os ataques israelenses já mataram 651 moradores de Gaza, a maioria civis. Outros 4,6 mil estão feridos. Israel contabiliza 32 baixas militares e três civis.

Aliado de primeira hora de Tel Aviv, os Estados Unidos foram o único dos 47 países-membros do Conselho de Direitos Humanos que votou contra a resolução da ONU. Washington considerou que a determinação é “destrutiva” e não contribui para o fim das hostilidades. O texto foi aprovado por 29 votos, e teve 17 abstenções. Todos os países latino-americanos apoiaram o documento, que pede a Israel que detenha imediatamente sua operação militar e, em geral, todos os ataques contra os civis. A resolução reivindica ainda a suspensão do bloqueio sobre a Faixa de Gaza para a entrada segura de ajuda humanitária e o comércio de bens.

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O presidente do Irã, Hassan Rohani, declarou ontem à noite que missões médicas iranianas não estão conseguindo adentrar ao território sob ataque israelense. Teerã é um dos principais apoiadores do Hamas, grupo que Israel alega estar combatendo com os ataques. O nome da operação militar – Margem Protetora – faz referência aos ataques de mísseis lançados pelo Hamas contra o território israelense. Um dos foguetes palestinos fez hoje a terceira vítima civil no Estado judeu.

Também criada pela resolução do Conselho de Direitos Humanos da ONU, a comissão investigadora terá personalidade independente e internacional e deve viajar de forma urgente aos territórios palestinos para realizar seus trabalhos. O grupo deverá se dedicar aos fatos ocorridos a partir de 13 de junho. Deverá ainda incluir a identificação dos responsáveis dos crimes e recomendar medidas para que sejam julgados por seus atos.

A alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay, denunciou hoje que os ataques israelenses contra Gaza “mostram que a lei humanitária internacional foi violada até um alcance que poderiam constituir crimes de guerra”. O discurso de Pillay foi proferido na reunião do conselho que decidiu condenar as ofensivas e iniciar investigações em Gaza. “Casas de civis não são alvos legítimos, a menos que sejam usados ou contribuam para propósitos militares. Em caso de dúvida, as casas de civis não são alvos legítimos.”

Também hoje, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, descreveu a situação na Faixa de Gaza como “catastrófica”, e insistiu em dar seu apoio à proposta egípcia para conseguir um cessar-fogo. “A cada hora dos últimos 12 dias uma criança palestina foi assassinada”, contabilizou. “Isto é inaceitável e pedimos a todas as partes que atuem com sabedoria e trabalhem para a paz e a estabilidade na região.”

Em resposta, Israel qualificou de “farsa” a resolução do Conselho de Direitos Humanos da ONU. “A decisão deve ser rejeitada por todas as pessoas decentes”, afirma um comunicado do escritório do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. “Em vez de investigar o Hamas, que realiza um duplo crime de guerra por disparar foguetes contra civis israelenses enquanto se defende em civis palestinos, o conselho pede uma investigação de Israel.”

A nota oficial alega que o exército israelense “adotou medidas sem precedentes para não causar nenhum prejuízo aos civis, entre elas a de lançar panfletos (de advertência), fazer ligações telefônicas (à população), e enviar SMS”. “O exército continuará lutando contra o terrorismo e fazendo o máximo ao seu alcance para evitar causar dano aos civis, e vocês estão encorajando o terrorismo, porque isso é que faz essa resolução.”

Com informações da Agência Efe