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Após cortar laços com Moscou, Otan diz que Rússia poderia invadir a Ucrânia em 3 a 5 dias

Aliança subiu o tom um dia após cancelar relações civis e militares com os russos devido a anexação da Crimeia

Efe

A Otan estima que a Rússia mantenha 40 mil soldados nos arredores da Ucrânia.

São Paulo – A Rússia concentrou na fronteira com a Ucrânia todas as forças necessárias para uma eventual “incursão” ao país e poderia concluí-la num prazo de três a cinco dias, disse hoje (2) o principal comandante militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Descrevendo a situação como “incrivelmente preocupante”, o comandante supremo das forças aliadas na Europa, o brigadeiro norte-americano Philip Breedlove, disse que a Otan detectou durante a noite sinais de movimentação de uma parte da força russa, e que não há sinal de que as tropas teriam voltado aos seus quartéis.

A anexação da península ucraniana da Crimeia à Rússia provocou a maior crise entre Moscou e o Ocidente desde o final da Guerra Fria, levando os Estados Unidos e a Europa a imporem sanções, ameaçando intensificá-las se as forças russas entrarem no leste da Ucrânia.

A Otan estima que a Rússia mantenha 40 mil soldados nos arredores da Ucrânia. “Esta é uma força muito grande, muito capaz e muito preparada”, disse Breedlove àReuterse aoWall Street Journal. A força russa tem apoio aéreo, hospitais de campo e equipamentos para guerra eletrônica. Esse é, segundo o brigadeiro, “todo o conjunto que seria exigido para realizar com sucesso uma incursão na Ucrânia caso a decisão seja tomada”.

Ele disse que a Rússia poderia ter vários possíveis objetivos, inclusive uma incursão ao sul da Ucrânia para estabelecer um corredor terrestre até a Crimeia, para chegar ao porto ucraniano de Odessa ou mesmo para se conectar à Transdnístria, região separatista e russófona da Moldova, que fica a oeste da Ucrânia. A Rússia também tem forças ao norte e a nordeste da Ucrânia, mas uma eventual incursão, segundo Breedlove, teria implicações abrangentes para a Otan, uma aliança militar de 28 países que há mais de 60 anos está na base da defesa da Europa Ocidental.

Breedlove disse que a aliança precisa encarar um “paradigma diferente, um conjunto de regras diferentes”, e “repensar nossa postura de força, nosso posicionamento de forças, nosso provisionamento de forças, a prontidão etc.” Chanceleres da Otan reunidos nesta semana em Bruxelas suspenderam toda a cooperação prática com a Rússia em protesto contra as ações na Crimeia e pediram a comandantes militares que preparem planos para reforçar a proteção de membros da Otan do Leste Europeu, preocupados com a assertividade russa.

Guerra Fria

A Rússia acusou hoje (2) a Otan de usar a linguagem da Guerra Fria ao suspender a cooperação com Moscou, e disse que nenhum dos lados vai ganhar com a mudança. “A linguagem dos comunicados se assemelha às disputas verbais da era da ‘Guerra Fria'”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo Alexander Lukashevich em comunicado.

O porta-voz afirmou que na última vez que a Otan tomou essa decisão, a respeito da guerra de cinco dias da Rússia com a Geórgia em 2008, a aliança de defesa acabou retomando posteriormente seu próprio acordo de cooperação.