EUA

Snowden diz que reformas de espionagem propostas por Obama são ‘ponto de virada’

Ex-analista da CIA argumenta, porém, que mudanças não ocorreriam sem suas revelações sobre a NSA

DAMIÁ BONMATÍ/Efe

Snowden discursa ao vivo em evento nos EUA no último dia 10, via teleconferência direto de Moscou

São Paulo – O ex-analista da CIA Edward Snowden parabenizou o presidente norte-americano, Barack Obama, por sua iniciativa de acabar com a prática de armazenar sistematicamente os dados telefônicos coletados nos EUA. Em comunicado desta terça-feira (25), ele definiu a decisão como um “ponto de virada”.

Também nesta terça, Obama confirmou os planos dos Estados Unidos de encerrar a coleta em massa dos registros telefônicos dos norte-americanos, feita pela NSA (Agência de Segurança Nacional), admitindo que a confiança nos serviços de espionagem do país foi abalada.

Ao mesmo tempo, os líderes do comitê de inteligência da Câmara dos Deputados afirmaram estar próximos de um acordo com a Casa Branca para “remendar” o programa de espionagem dos EUA. Outra proposta de reforma, a Lei de Liberdade dos EUA, iria mais longe.

Em sua declaração, publicada através da ACLU (União Americana pelas Liberdades Civis, na sigla em inglês), Snowden afirma que nenhuma dessas mudanças seria possível sem suas revelações sobre os abusos da espionagem dos EUA.

“Eu acreditava que, se a vigilância em massa inconstitucional promovida pela NSA fosse conhecida, ela não sobreviveria ao escrutínio dos tribunais, do Congresso e das pessoas”, disse. Snowden também comemorou que os parlamentares estejam considerando reformas “históricas, ainda que incompletas”, no programa de espionagem, através da Lei de Liberdade.

“Esse é um ponto de virada e marca o início de um novo esforço para recuperar nossos direitos da NSA e restaurar o assento do povo na mesa do governo”, concluiu Snowden.

Obama, por sua vez, reconheceu que as revelações do ex-analista da CIA tenham prejudicado a confiança que outros países tinham nos Estados Unidos. “Temos que recuperar a confiança não apenas dos governos, mas, mais importante, dos cidadãos comuns. E isso não vai acontecer do dia pra noite, porque há uma tendência dos governos de serem céticos, inclusive em relação aos serviços de inteligência norte-americanos”, afirmou.

O presidente dos EUA está hoje (26) na Bélgica, para participar de uma reunião de cúpula entre a União Europeia e os Estados Unidos. Snowden se encontra na Rússia, país que lhe concedeu asilo temporário após as revelações feitas sobre a espionagem da NSA e de outros países.