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Reunião com Rice não esgotou processo de esclarecimento, diz Figueiredo

Ao sair de encontro com chefe da Segurança Nacional dos EUA, em que discutiram espionagem, ministro das Relações Exteriores afirma que ainda não houve melhora nas relações. 'Saio igual'

Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr

Chanceler foi aos EUA ouvir explicações e saiu da reunião dizendo que nada mudou

São Paulo – O ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo Machado, saiu “igual” da reunião que manteve hoje (30) em Washington com a chefe do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Susan Rice. O encontro ocorreu por iniciativa do governo Barack Obama, durou pouco mais de 40 minutos e, segundo o chanceler, não serviu para aplacar o descontentamento do Brasil com o programa de espionagem norte-americano.

“Não é reaproximação”, disse Figueiredo ao jornal O Globo, em referência ao entrevero diplomático entre Brasília e Washington desencadeado pelas denúncias de Edward Snowden. “O encontro é parte do processo de diálogo entre mim e Susan Rice, determinado pelos presidentes Dilma e Obama. A reunião não esgotou o processo de esclarecimento. Não é uma conversa no meu nível e no da Susan que vai levar a uma melhoria das relações.”

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Rice havia convidado Figueiredo no último dia 16 para explicar-lhe pessoalmente mudanças no programa de espionagem dos Estados Unidos. De acordo com documentos vazados pelo ex-técnico da Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos, Washington bisbilhotou comunicações da presidenta Dilma Rousseff e arquivos da Petrobras. Contas de e-mail e ligações telefônicas de empresas, cidadãos e instituições brasileiras também caíram na teia da vigilância. Snowden revelou que o Brasil é o mais vigiado pelos Estados Unidos.

“O lado americano sabe exatamente e perfeitamente o que queremos dele. O diálogo continua”, acrescentou Figueiredo. Ao cancelar sua viagem a Washington, em outubro, em seu discurso na Assembleia Geral da ONU e em conversas que manteve com Obama na Cúpula do G-20, Dilma deixou claro que o melhor caminho para resolver a crise diplomática seria um pedido oficial de desculpas – que ainda não veio. De acordo com O Globo, o ministro não disse se reforçou essa reivindicação a Susan Rice na reunião de hoje.

“A reunião serviu para que ela explicasse as mudanças no sistema de coleta de dados americano. É importante ter havido esta conversa, mas não há um impacto desta conversa nas relações.” Figueiredo anunciou que repassará as informações do encontro à presidenta Dilma Rousseff, quem decidirá quais serão “os próximos passos” da reaproximação.