ONU vê piora da crise e FMI diz que Espanha precisa de 40 bilhões de euros

A agência de classificação de risco Fitch rebaixou a nota da Espanha e indicou que os problemas da Grécia estão se alastrando (Foto: Sergio Perez. Reuters) São Paulo – Uma […]

A agência de classificação de risco Fitch rebaixou a nota da Espanha e indicou que os problemas da Grécia estão se alastrando (Foto: Sergio Perez. Reuters)

São Paulo – Uma série de dados e informes econômicos divulgados hoje (7) aumentou a preocupação em torno do agravamento da crise europeia e de seus desdobramentos sobre o mundo. Um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) indicou a dívida dos países da zona do euro como principal perigo para a economia global, e um estudo do Fundo Monetário Internacional (FMI) indicou que a Espanha vai demandar 40 bilhões de euros para aliviar sua situação.

O documento “Situação Econômica Mundial e Previsões para 2012″, da ONU, previu um crescimento global de 2,5% este ano e de 3,1% em 2013, revisando para baixo estimativas anteriores. “Uma escalada da crise provavelmente estaria associada com uma turbulência severa nos mercados financeiros e um momento agudo na aversão ao risco, o que levaria a uma contração da atividade econômica nos países desenvolvidos e alcançaria os países em desenvolvimento e as economias em transição”, disse a análise. 

Um relatório do FMI que será divulgado na segunda (11), mas cujas informações foram antecipadas pela agência Reuters, indicou que a Espanha terá de contar com uma ajuda de 40 bilhões de euros para aliviar o alto endividamento. Esta é a verba que demandam apenas as instituições financeiras, em dificuldades por conta da falta de regulação e de um modelo de negócio que conduziu à crise iniciada em 2008. O montante total poderia chegar a 90 bilhões, mas espera-se que os bancos em melhores condições consigam se valer de recursos próprios para reverter o quadro. 

Também hoje, a agência de classificação de risco Fitch cortou a avaliação do governo espanhol para BBB, acrescentando que pode promover um novo rebaixamento por conta da vulnerabilidade da economia nacional. “A perspectiva negativa primeiramente reflete os riscos associados com mais arrefecimento da crise na zona do euro, notavelmente contágio da corrente crise grega”, disse a agência em um comunicado. Para a entidade, a capitalização do sistema bancário pode elevar em seis pontos percentuais a relação entre a dívida e o Produto Interno Bruto (PIB), que chegaria a 95% até 2015. 

A chanceler alemã, Angela Merkel, tentou minimizar a situação afirmando que a Europa estava pronta para agir para garantir a estabilidade na zona do euro. “É importante enfatizar novamente que nós criamos os instrumentos para apoiar a zona do euro e que a Alemanha está pronta para usar esses instrumentos quando se prove necessário”, disse ela, referindo-se ao fundo temporário de resgate da zona do euro, e a seu sucessor permanente, que entra em operação em julho.

Nos Estados Unidos, o presidente do Federal Reserve (o Banco Central do país), Ben Bernanke, disse que a instituição tem instrumentos para proteger a economia local caso os problemas financeiros externos aumentem. “O Federal Reserve continua preparado para tomar as medidas necessárias para proteger a economia dos EUA no caso de as tensões financeiras sofrerem uma escalada”, disse durante audiência no Congresso.

A leitura, porém, foi de que Bernanke não emitiu nenhum sinal de que tenha uma ação na iminência de ocorrer. “Realmente não encerra o debate”, disse Vassili Serebriakov, estrategista sênior do Wells Fargo. “Há alguma esperança por sinais mais concretos, uma pista mais clara, que um novo afrouxamento está vindo, e eu não acredito que tenhamos visto isso hoje”.