EUA dizem que pagam tudo, mas não têm acordo para elevar teto de dívida

Reabertura de mercados asiáticos e prazo de nove dias para atingir limite são preocupações

Geithner, secretário do Tesouro, descarta moratória e avisa que Obama não quer voltar a discutir limite da dívida antes da eleição presidencial (Foto: © Yuri Gripas/Reuters)

São Paulo – Negociadores da Casa Branca e do congresso dos Estados Unidos tentam anunciar avanços nas discussões entre líderes democratas e republicanos sobre o teto da dívida pública. A nove dias do prazo de 2 de agosto, quando o limite de endividamento do Tesouro do país será alcançado, o governo de Barack Obama não alcançou consenso nas conversas com a oposição.

A maior preocupação dos democratas é evitar uma nova negociação do gênero antes da eleição presidencial de novembro de 2012. “A coisa mais importante é remover a ameaça de default (moratória) do país pelos próximos 18 meses”, disse o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, à rede de TV CNN neste domingo (24).

“O que os líderes sabem é que eles precisam chegar a um acordo que passe pela Câmara dos Deputados, pelo Senado e que o presidente possa aceitar”, resumiu. O presidente da Câmara dos Deputados, o republicano John Boehner, propôs aumentar o teto da dívida até o fim de 2011 – o que não tem apoio nem da Casa Branca nem da maioria do Congresso. Na prática, Obama só aceita acordo que se estenda até pelo menos 2013.

O problema do Tesouro do país é a necessidade de elevar o limite de US$ 14,3 trilhões para a dívida pública norte-americana (equivalente a 92% do Produto Interno Bruto anual). No dia 2 de agosto, esse limite precisaria ser superado para rolar a dívida – emitir novos títulos para pagar compromissos assumidos previamente. Sem o aumento do teto, os EUA não teriam recursos para honrar dívidas, ficando obrigados a decretar moratória (também chamada de default ou calote).

Por um lado, a preocupação envolve a eleição presidencial. Por outro, voltar a enfrentar ameaças de rebaixamento por parte de agências de classificação de risco e incertezas sobre o futuro da economia são possibilidades indesejáveis para o país norte-americano. “O que nós não podemos fazer, porque seria irresponsável, é deixar a ameaça de default pairando sobre a economia dos Estados Unidos por um longo período de tempo”, disse Geithner.

“O Congresso deveria evitar jogos políticos inconseqüentes. Em vez disso, deveria ser responsável e fazer o seu trabalho, evitando a insolvência e cortando o déficit,” disse o secretário de imprensa do governo, Jay Carney, em comunicado divulgado depois de um encontro entre Obama e líderes do Congresso no sábado (23).

Os títulos da dívida dos Estados Unidos são considerados os mais seguras do mundo. Esses papéis são os de maior liquidez (os mais aceitos como garantias e os mais facilmente negociados) porque os investidores consideram que se trata do credor mais interessado em honrar dívidas e manter funcionando o mercado da forma como opera atualmente.

O governo Obama sabe que, para dobrar os republicanos, precisa de uma proposta que combine o aumento do limite da dívida a um plano de 10 anos para reduzir o déficit público. Atualmente, o saldo anual das contas públicas tem US$ 4 trilhões negativos. A oposição vocifera que não aceita hipótese tão longa.

“Os líderes do Congresso têm deixado evidente – não apenas os democratas – que não irão permitir que não cumpramos com nossas obrigações. Nós não vamos entrar em default”, prometeu Geithner em outro programa de TV, o “This Week”, da rede de televisão ABC.

Bipartidária

A disputa eleitoral do próximo ano, na qual Obama deve disputar a reeleição, é um entrave para as negociações. Ao mesmo tempo, os dois partidos que se revezam no poder – democratas e republicanos – dão sinais de que podem dividir os louros de um eventual acordo.

No sábado, uma declaração de Obama após reunião na Casa Branca com líderes de ambos os partidos deu o tom da busca por consenso. “Líderes da Câmara e do Senado vão trabalhar para encontrar uma solução bipartidária para reduzir significativamente as despesas de Washington e preservar a total confiança e o crédito dos Estados Unidos”, disse a nota.

Com informações da Reuters