Golpistas cobram posição clara do Brasil em relação a Zelaya

Três meses depois do golpe, ministra de Micheletti desmente plano de invasão de embaixada brasileira e acusa deposto de violar pacto internacional

Em pronunciamento feito em rede de rádio e TV nesta terça-feira (22), a vice-ministra de Relações Exteriores do governo golpista hondurenho, Marta Lorena, desmentiu os rumores cada vez mais fortes de que o prédio da Embaixada do Brasil em Tegucigalpa será invadido por forças militares.

Funcionários do setor elétrico e vizinhos do presidente golpista, Roberto Micheletti, informavam aos meios locais que um apagão seria provocado com a intenção de facilitar o sequestro ou o assassinato do presidente deposto, Manuel Zelaya.

Dizendo-se respeitador da lei, apesar das denúncias de gente ferida e sem atendimento em um estádio da capital usado pelas forças armadas, o governo golpista manifestou irritação com os rumores, afirmando que desta maneira fica com a imagem comprometida, ainda mais em um momento em que a Organização das Nações Unidas (ONU) entra em sua Assembleia Geral, marcada para esta quarta-feira (23).

Ao mesmo tempo, Marta Lorena informou ter emitido uma nota “muito clara” expressando que o Brasil deve esclarecer  “status de Zelaya dentro da embaixada no sentido de que deve ser entregue aos tribunais de justiça ou receber condição de asilado político”.

A vice-ministra considera que o retorno de Zelaya desrespeita o Pacto de San José, que desde o golpe a Costa Rica vinha negociando sem sucesso. Entre outras coisas, o pacto previa o retorno do deposto ao cargo e a garantia de que ele não tentaria a reeleição, pretexto utilizado pelos golpistas para sacá-lo do poder. Para o governo, a volta de Zelaya é um obstáculo ao cumprimento do pacto.

Por fim, a representante dos golpistas afirmou:  “Estamos totalmente conscientes de que para solucionar qualquer problema humano, qualquer problema social, a melhor forma de fazê-lo é o diálogo. Condenamos toda ação violenta e que possa levar a problemas a nossos cidadãos”.