Zagueiro de Bebedouro brilha no Inter de Porto Alegre

Recentemente, Ronaldo esteve com o time em Abu Dhabi, disputando o Mundial de Clubes

Aos 21, Ronaldo foi relacionado para o Mundial Interclubes em dezembro do ano passado (Foto: Jefferson Bernardes/Preview.com/Divulgação)

Menino pobre da periferia da cidade, Ronaldo Luiz Alves, 21 anos, realiza um sonho de muitos outros garotos pelo país afora: jogar num grande time de futebol. Filho do casal de apanhadores de laranja José Luiz Alves, 50 anos, e Zoraide Aparecida Timóteo Alves, 46 anos, Ronaldo começou a jogar futebol aos 11 anos na antiga CCE – Comissão Central de Esportes, com o professor de educação física Carlos Henrique Fossaluza. O menino queria ser centroavante, porém Fossaluza percebeu que ele se sairia melhor como zagueiro e deu-lhe as primeiras noções de posicionamento em campo. O “Fossa” foi tão importante na vida do jogador que seus pais ainda hoje demonstram um sentimento de gratidão e respeito.

Aos 15 anos de idade Ronaldo foi jogar no Águia de Maringá (PR) e, aos 16, ele jogava nas equipes de base do Clube Atlético Paranaense, onde se profissionalizou aos 20 anos. Em 2010, o zagueiro passou a defender as cores do colorado gaúcho, time com o qual tem contrato até 2014.

Todos da família Alves – principalmente o zagueiro – ficaram muito felizes quando o técnico Celso Roth relacionou Ronaldo para viajar com o Inter para Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, para disputar o Campeonato Mundial de Clubes da Fifa. O pai, José Luiz, diz que amigos e familiares foram à sua casa para assistir aos jogos. “Pena que o Inter perdeu o primeiro jogo para o Mazembe e acabou em terceiro lugar”,  lamenta ele, um são-paulino.

Da lavoura de laranja

José Luiz e Zoraide (Foto: Arquivo Pessoal)O casal José Luiz e Zoraide, pais de Ronaldo, mora no bairro Alto da Boa Vista, em Bebedouro. As paredes e as estantes da sala ostentam símbolos das conquistas do filho ilustre. Os destaques são a primeira camisa que o atleta usou como profissional no Clube Atlético Paranaense e um troféu de melhor zagueiro que recebeu num torneio de juniores, realizado na Alemanha, em 2008, quando jogava pelo time do Paraná.

Dona Zoraide se recorda das dificuldades enfrentadas pelo menino Ronaldo. “Ele ia e voltava a pé desde o campo da Feccib para treinar na CCE, praticamente atravessava a cidade toda”, lembra, emocionada. “Ele estudava de manhã e fazia todo esse esforço depois do almoço. Imagina, à noite, ele deitava no sofá e caía no sono, cansado.” Dona Zoraide reconhece que o esforço valeu a pena. Agora, com a ajuda do filho, o casal deixou de trabalhar na roça em 2009, atividade cansativa e desgastante. Ronaldo, aliás, fez questão que eles deixassem o campo.

Sempre bem comportado, Ronaldo nunca bebeu nem fumou. Segundo seu pai ele sabia que só teria sucesso na carreira de atleta se ficasse longe dos vícios. “Graças a Deus ele nunca se envolveu com drogas, o que é tão comum hoje em dia”, comemora. A boa formação vem da família. José Luiz e Zoraide sempre foram muito religiosos e deram boa base de caráter aos filhos. Os dois fazem parte do Conselho Paroquial de Pastoral (CPP ) da paróquia de São Judas Tadeu.

Jogador por acaso

Matéria Ronaldo Luiz (Foto: Arquivo Pessoal)Ronaldo nasceu sonhando em ser jogador, certo? Errado! Até os 10 anos de idade, o craque não queria nada com a bola. “Ele gostava era de soltar pipa”, lembra o pai. Quem jogava futebol desde pequenininho era o irmão mais velho, Rodrigo, hoje com 26 anos. Ele chegou a jogar na Associação Atlética Internacional de Bebedouro, mas parou. Segundo José Luiz, faltou a ele uma oportunidade. Rodrigo hoje também é apanhador de laranja, embora seu pai garanta que ele é muito bom de bola. Ronaldo tem também três irmãs: Rosiane, Roselaine e Jéssica.