Proteção ao atleta

De Romário a Cielo: atletas que caíram em doping por possível inocência

Lei sancionada pelo presidente Lula obriga empresas a deixar claro que a substância vendida representa risco de doping

Reprodução/Wikipédia
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A RBA separou uma lista de atletas brasileiros que caíram no doping que poderia ser evitado com a nova lei

São Paulo – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou nesta sexta-feira (12) uma lei que obriga farmacêuticas a informar, de forma clara, se o medicamento pode acusar doping em exames esportivos. A medida busca dar segurança e informação para atletas brasileiros. Atletas e entidades esportivas comemoraram a sanção. Isso porque não é raro esportistas, de jovens a experientes, caírem em exames antidoping da World Anti-Doping Agency (Wada).

A agência internacional tem regras rígidas. Em 2021, por exemplo, a Wada inseriu na lista de substâncias proibidas os corticóides. Esses medicamentos são muito comuns. Utilizados contra inflamações, necessários para tratamento de muitos pacientes com problemas que vão de reumáticos a respiratórios, entre outros. Em contrapartida, em 2018, a agência retirou da lista de proibições o canabidiol (CBD). A substância derivada da maconha também tem propriedades anti-inflamatórias. Então, o atleta precisa de muita atenção. Assim, a nova lei entra em vigor (em 180 dias) para ajudar a vida dos esportistas.

A RBA separou uma lista de atletas brasileiros que caíram no doping que poderia ser evitado com a nova lei. Muitas histórias são controversas, mas a rigidez contra substâncias do dia a dia é fato. Confira:

Atletas e o doping do dia a dia

Cesar Cielo – Em 2011, um dos maiores esportistas da história do Brasil, Cesar Cielo, campeão olímpico e recordista mundial dos 50 metros nado livre, caiu no doping. Ele testou positivo para furosemida. Trata-se de um diurético comum, largamente utilizado por atletas e também por pessoas para tratar possíveis retenções de líquido. Na época, a Federação Internacional de Natação (Fina) optou por uma punição de três meses de suspensão. O Tribunal Arbitral do Esporte (TAS) optou por apenas uma advertência. No mundial daquele ano, ele conquistou dois ouros e, nas Olimpíadas de 2012, um bronze.

Daiane dos Santos – Uma das principais responsáveis pela explosão da ginástica olímpica no Brasil. Detentora de inúmeras medalhas, ela até mesmo dá nome a um salto específico na modalidade de solo. Ela também testou positivo para furosemida. Em sua defesa, disse que a utilização foi por questões estéticas, uma vez que estava retendo líquidos após tomar muitos medicamentos para recuperar de uma cirurgia no joelho.

Casos emblemáticos

Romário – O craque do Vasco e da seleção, em 2007, chegou a pegar 120 dias de “gancho” pelo uso de finasterida. A substância é proibida pela Wada, mas ela não possui efeitos estimulantes ou anabolizantes utilizada sozinha. O baixinho argumentou, com razão, que o medicamento é um auxiliar no combate à calvície. Ele conseguiu absolvição diante do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).

Rafaela Silva – Talvez um dos casos mais emblemáticos sobre doping no Brasil. Em 2019, a PanAm Sports retirou um ouro da judoca após detectar positivo um exame para fenoterol. A substância é muito comum em tratamento de asma. Contudo, Rafaela disse que sequer consumiu a substância. Então, ela passou a buscar respostas para o exame. De acordo com a atleta, ela teve contato com a substância por ministrá-la para sua filha, ainda bebê, que sofria de asma. Mesmo assim, os tribunais do esporte não a deixaram competir nas Olimpíadas de Tóquio.

Doping repetido

Jaqueline – Uma das maiores ponteiras da história do vôlei nacional recebeu, em 2007, punição pelo uso de sibutramina. Trata-se de uma substância comum para ajudar no processo de emagrecimento. Em razão do flagrante, ela não pode competir nos Jogos Panamericanos do Rio de Janeiro, naquele mesmo ano.

Thomaz Bellucci – O tenista brasileiro levou suspensão de cinco meses por uso do diurético hidroclorotiazida. Um dos medicamentos mais comuns do tipo, ele é proibido por poder mascarar o uso de outras substâncias. Bellucci, em sua defesa, disse que a substância estava presente em suplementos polivitamínicos, e que ele não tinha conhecimento.

Thiago Braz, Manoel e Rodrigo Moledo – Braz, medalhista de ouro no salto com vara, Manoel e Moledo, jogadores de futebol, caíram nos exames pela substância ostarina. Um suplemento que melhora o desempenho físico, é uma das substâncias mais presentes nos exames de doping de brasileiros. A suspeita é de que alguns suplementos comuns e permitidos, como a creatina, estejam contaminados com esta substância.


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