Em busca do reconhecimento

Futebol feminino brasileiro cresce, mas categoria de base ‘engatinha’

Em São Paulo, o Centro Olímpico tenta reverter este cenário realizando peneiras todos os meses

TVT/BRASIL DE FATO
TVT/BRASIL DE FATO
Todos os meses, mais de 100 jogadoras tentam ingressar na equipe do Centro Olímpico, que teve em seu plantel onze atletas que disputaram pelo Brasil a última Copa do Mundo

São Paulo – O futebol feminino brasileiro ganhou destaque nos últimos meses, mas ainda engatinha em quantidade de atletas profissionais. Hoje, no Brasil, são pouco menos de 3 mil jogadoras de futebol profissionais, ante mais de 22 mil no futebol masculino. Em comparação a países vizinhos, o Brasil fica atrás de Argentina, Peru e Colômbia.

Na capital paulista, o Centro Olímpico da prefeitura realiza peneiras todos os meses. No último dia 4, cerca de 100 meninas participaram da última seleção. Apesar da ansiedade e nervosismo, elas mostravam muita disposição para buscar o que mais desejam: se tornarem jogadores profissionais de futebol.

Acompanhadas de pais mães, ou até mesmo sozinhas, elas chegam de vários cantos do país para realizarem um sonho que antigamente era reservada apenas aos meninos.  “Eu quero, um dia, chegar lá na seleção brasileira. Até me emociono. Quero que todas as meninas que jogam bem tenham essa oportunidade também. Um dia, quero encontrá-las lá na frente pela seleção brasileira”, disse Kethelen Pezarini Moraes, em entrevista ao repórter José Eduardo Bernardes, do Brasil de Fato, na TVT.

Meninas nascidas até 2010 disputaram a última peneira do ano, no Centro Olímpico. Pais e mães também não consegue esconder o misto de orgulho e ansiedade. “A gente sempre está torcendo para que dê certo”, conta Paulo Alves de Souza, pai de Julia Teixeira de Souza. Para a filha, não há outro lugar no futuro sem ser dentro das quatro linhas. “Perguntam o que farei se não der certo, e eu não sei o que vou fazer, porque é isso que eu quero”, afirma Julia.

Todos os meses, mais de 100 jogadoras tentam ingressar na equipe, que teve em seu plantel onze atletas que disputaram pelo Brasil a última Copa do Mundo, em junho deste ano. “Hoje, a gente vive uma fase do futebol feminino em que as grandes equipes têm aparecido mais, com o Corinthians, São Paulo e Palmeiras jogando, mas eles ainda trabalham no âmbito adulto”, celebra Rodrigo Roque Coelho, supervisor da peneira.

Entretanto, Rodrigo alerta que a categoria de base ainda caminho a passos lentos. “O Centro Olímpico, diferentemente dos grandes clubes, é uma equipe de formação de atletas, com o objetivo é formá-las dos nove aos 17 anos, para que elas possam se inserir no mercado. Hoje, os clubes estão vendo que o futebol feminino é atrativo, cada vez mais ele está se tornando um mercado, mas em nível de base ainda falta muita coisa”, explica ele.

Das mais de cem meninas que participaram, apenas seis foram selecionadas. Para Julia, aprovada nos testes, esse é só o começo de uma jornada cheia de desafios. “Deu certo. Agora, estou a mil”, comemora.

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